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A partir do desenvolvimento de objetos, estudantes puderam conhecer mais sobre a unidade de linguagem presente nos projetos arquitetônicos

Os alunos do sexto período da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo desenvolveram 15 projetos de protótipos de poltronas para a disciplina Desenho do Objeto I. Destes, foram selecionados quatro trabalhos. Os melhores projetos foram avaliados conforme sua solução estrutural, construtiva e uso adequado dos materiais. E serão indicados para concursos de arquitetura e design de objeto.

Antes de expor seus projetos, os alunos tiveram dois meses de longos testes e estudos. “Para realizar tal tarefa, tivemos de considerar uma série de normas técnicas”, afirmou a aluna Ana Carolina Seixas. “E quanto maiores às exigências, mais criativos tínhamos de ser”, completou.
Para a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Noemie Nelly Nahum o grande desafio para montar um projeto como a poltrona está em definir o design. “Um projeto de objeto que possui um design eficiente é aquele que revela, na sua forma final, a beleza e a unidade de linguagem”, definiu a professora. Junto com os professores Beatriz Brandão e Fernando Cabral, foram escolhidos os projetos que conseguiram cumprir a proposta da disciplina. De acordo com a Beatriz, a unidade de linguagem consiste em objetos ou projetos que reúnem, com equilíbrio, aspectos como funcionalidade, ergonomia e uso adequado dos materiais. “O objeto assim parece muito simples, porém é resultado de uma pesquisa formal de alta complexidade, resultando em fácil leitura e manuseio”, justificou.

De acordo com o diretor da Faculdade de Artes Visuais, Flávio Shimoda, para muito o design acaba sendo o fator decisivo na hora da compra. “Sensação de conforto e prazer são os principais critérios que as pessoas buscam na hora da compra: um bom design acaba nem sendo percebido”, comentou o professor diretor da Faculdade de Artes Visuais da PUC-Campinas.

Shimoda ainda afirma que um bom design é baseado no estudo e conhecimento de como o ser humano lida com o ambiente principalmente. Esse estudo é aplicado nas peças mais cotidianas, como roupas e utilidades domésticas, e até em produtos sofisticados, como aparelhos de som e itens desenvolvidos para a prática do esporte ou lazer. “No caso de um projeto de computador, o design tem de estar a favor do homem na hora de realizar seus trabalhos, indo além do aspecto visual das máquinas”, exemplificou. Ele citou ainda os núcleos de pesquisa que os fabricantes criam apenas para desenvolver ambientes mais amigáveis para a aplicação dos seus produtos. “Um clássico exemplo são equipes das montadoras destinadas a testar o popular ‘cheiro de carro novo’ dos automóveis”, explicou.

Para a aluna Mariana Gurgel, participante do projeto, algumas características são essenciais para um bom resultado. “Enquanto desenvolvíamos a poltrona, nosso grupo considerou fatores como conforto e beleza, mas também angulação, resistência e o material utilizado”, disse Mariana. Segundo a professora Beatriz Brandão, a economia dos recursos materiais usados em cada projeto é um item importante para avaliar o bom design de uma poltrona. “Alguns dos projetos apresentados estavam no limite do testável – tamanha era a economia de recursos empregada”, lembrou a professora. O desenvolvimento das poltronas consistiu em um projeto inicialmente em estudos em papel. O passo posterior foi esquematizá-la tridimensionalmente. E, entre o projeto final em MDF (medium density fiberboard) e tamanho real, ainda houve um novo teste da poltrona em tamanho mediano. “Ao todo, foram cerca de dois meses desenvolvendo a poltrona”, relatou a aluna Larissa Pires.

O designer Danilo Salvego, formado pela PUC-Campinas, indicou que pesquisar os gostos e referenciais do público consumidor é importante para transmitir com clareza valores como economia e sofisticação a um produto. “Se para seus consumidores, sofisticação significa ‘estofado de couro’, a imagem, o cheiro e o tato devem ser aplicados como estratégia para aumentar a aderência desse atributo”, informou o profissional. Para ele, o bom designer deve ser um profissional sempre em busca de informações visuais – em todos os lugares e situações. “Deve pesquisar, analisar e contribuir com soluções criativas e eficientes. Design não é beleza, design é eficiência. Entrar em contato com outras culturas, assistir todos os tipos de programas de tv, jogar vídeo games, andar pela cidade a pé são bons exemplos para a construção desse repertório de eficiência visual”, recomendou.



Portal Puc-Campinas
7 de dezembro de 2009