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Cientista Carlos Nobre faz alerta em webinário da PUC-Campinas para aumento de desastres naturais

Climatologista reconhecido internacionalmente participou de evento da Pós em Sustentabilidade

O Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da PUC-Campinas promoveu dia 8 de maio o webinário “Mudanças Climáticas: Desafio para Todos”, com o cientista Carlos A. Nobre, um dos maiores especialistas do mundo em climatologia. O evento fez parte do Ponto de Encontro da Sustentabilidade e do Sustentare & Wipis 2024.

Mediado pelo Prof. Dr. Cândido Ferreira Filhos, o webinário ainda teve a participação do Prof. Dr Juan Castañeda-Ayarza e do Prof. Dr. Diego de Melo Contin, da PUC-Campinas, além de perguntas de quem acompanhou a transmissão pela internet. O convidado falou sobre as mudanças e os extremos climáticos, em especial citando o caso do Rio Grande do Sul.

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Ele mostrou por meio de gráficos que entre 2023 e 2024 houve uma ‘explosão’ das mudanças climáticas, resultado de um aumento acelerado da temperatura do planeta nos últimos 60 anos. Ele disse que a situação atual é de um “alerta vermelho” para a humanidade. “Há mais de 20 anos nossos estudos já mostravam cenários que haveria aumento de chuvas nesta década. A ciência já mostrava que ocorreria este cenário que estamos vendo agora”, disse.

Ele mostrou que o ano de 2023 foi o ano mais quente já registrado desde 1850. No Brasil, a temperatura média subiu mais de 1,5 grau, o que se repete de forma parecida em todo o planeta, inclusive nos oceanos. Isso está gerando degelo e aumento do nível do mar. Haverá riscos de extinção dos ursos polares e de várias espécies de pinguins se essa tendência se manter nas próximas décadas.

O resultado de um lado são as ondas de calor batendo recordes de temperatura, enquanto de outro há recordes de chuvas com inundações e deslizamentos em diversas regiões do país. Ele citou as cheias recentes no Nordeste, em São Sebastião, no Litoral de São Paulo, e as repetidas tragédias no Sul do País.

Ele explica que os fenômenos meteorológicos que vemos hoje ocorrem há milhões de anos, mas com o aquecimento dos oceanos temos muito mais umidade e vapor na atmosfera, resultando em muito mais chuvas.

Além de todas as ações para diminuir a emissão de gases, desmatamentos e destruição ambiental para desacelerar o aquecimento global, Nobre falou sobre a necessidade da gestão de riscos e desastres.

Como já estamos em um ponto de aumento de desastres naturais, é preciso atuar agora na redução de riscos, com o desenvolvimento contínuo de ações de prevenção e preparação para desastres, tanto em nível local quanto global.

“Assim como a população japonesa se preparou para enfrentar os efeitos de terremotos, nossa população precisa se preparar para prevenir e reduzir danos dos desastres que nos afetam. Aqui há a vantagem de termos como prever várias dessas ocorrências, diferente do terremoto que só se sabe que ocorrerá quando começa”, disse.

O aumento de doenças, como o que ocorre com o dengue, também são resultado de mudanças climáticas. E a redução do ritmo de aquecimento global é essencial para evitar desastres de proporções até maiores que já estamos enfrentando atualmente. Se a temperatura aumentar muito no planeta, o número de mortes chegará a limites alarmantes e deixará várias regiões do planeta inabitáveis, podendo gerar até a extinção humana.

Carlos A. Nobre é um dos mais renomados climatologistas do país e um dos cientistas brasileiros mais conhecidos mundialmente. Com graduação em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica-ITA em 1974 e doutorado em Meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology-MIT em 1983.

Foi pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).  Foi Presidente da CAPES e Secretário de Políticas de P&D do Ministério de CTI.  É membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Global de Ciências e membro estrangeiro da Academia de Ciências dos EUA e da Royal Society da Grã-Bretanha.

Foi um dos autores do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz (2007). Recebeu vários Prêmios nacionais e internacionais. É atualmente pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e o Copresidente do Painel Científico para a Amazônia (www.theamazonwewant.org), que produziu a mais rigorosa avaliação científica para a Amazônia e apontou caminhos para um futuro sustentável.



Marcelo Andriotti
9 de maio de 2024