Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação abre colóquio de 10 anos do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-Campinas

Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça é Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação na Cúria Romana

O Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça – Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação na Cúria Romana, realizou a palestra de abertura do Colóquio sobre “Fé, Ciência e Paz: desafios contemporâneos”.  Ele apresentou a conferência “Fé, Ciência e Universidade Católica no Século XXI” no auditório do Campus I. Acompanhando o Cardeal, estiverem presentes na mesa oficial de abertura o Arcebispo Metropolitano e Grão-Chanceler da PUC-Campinas D. João Inácio Müller, o Reitor Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, o Prefeito de Campinas Dário Saadi e o Cônego José Luís Araújo, do Núcleo de Fé e Cultura.

O cardeal também participou da inauguração do Espaço Manacás

O evento continuará até dia 11 de março e comemora os 10 anos de atividade do Núcleo de Fé e Cultura na Universidade.

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O Arcebispo D. João abriu o evento agradecendo a presença do Cardeal Tolentino e afirmou que o recebia como uma personalidade que, pela sua história e atividades exercidas, vinha como um orientador para jogar uma nova luz sobre o papel da Universidade. E apresentou ao Cardeal a história da PUC-Campinas e do Hospital PUC-Campinas, em especial suas atividades voltadas à comunidade externa.

O Reitor Prof. Dr. Germano também destacou a importância da presença do Cardeal para o evento e detalhou como a história da PUC-Campinas está diretamente ligada ao desenvolvimento de Campinas e região nos últimos 82 anos. “A Universidade surgiu como uma esperança de renascimento para a cidade de Campinas, que havia sido duramente afetada pela febre amarela no final do século XIX, pela gripe espanhola e pela crise da bolsa em 1929 e seus reflexos na cultura cafeeira no início do século XX. O seu anúncio e suas atividades marcaram o renascimento e o crescimento de Campinas”, disse.

O Prefeito Dário também destacou essa importância da Instituição para a cidade e lembrou sua passagem como estudante de Medicina nos anos 80. “Cheguei aqui com 17 para 18 anos, um garoto, e saí da Universidade não só com um médico formado, mas um ser-humano mais preparado e com maior preocupação social”, disse.

O Cônego José Luís destacou o papel do Núcleo de Fé e Cultura nos seus 10 anos de atividades na PUC-Campinas de ser um instrumento de diálogo com a sociedade, discutindo a relação da fé e da cultura sob a luz eclesiástica.

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O Cardeal Tolentino abriu sua palestra destacando os desafios e dificuldades de aprofundar e estimular a discussão sobre a relação entre a ciência e a fé, relembrando os conflitos existentes durante diversas épocas históricas em que elas foram colocadas como discordantes.

E trouxe esse debate até o século XXI, quando novos desafios e novas tecnologias, como a da Inteligência Artificial, trazem uma série de conquistas e ao mesmo tempo ameaças nas relações sociais, econômicas, educacionais, científicas e políticas. Na opinião dele, a ciência e a fé no século XXI vivem uma crise existencial que também pode ser um divisor de águas no diálogo entre elas.

“O Papa Francisco propõe uma mudança de paradigma nessa relação entre fé e ciência. Para isso, nas universidades, em especial as católicas, precisamos trabalhar com a trans e interdisciplinaridades, sem isolamento, mas trabalhando todas as áreas de estudo em conjunto, pois a busca pela verdade precisa de múltiplas formas de conhecimento”, disse.

O Cardeal Tolentino também destacou a importância da humildade no trabalho feito nas universidades e pelos pesquisadores. No final de sua fala, o Cardeal, que também é poeta com diversos livros publicados e premiados, citou um trecho de uma obra do poeta campineiro Guilherme de Almeida. “Diamante. Vidraça. Arisca, áspera asa risca o ar. E brilha. E passa”, brilhemos também, completou.

Poeta

Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e é reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro.

A relação entre o cristianismo e a cultura é recorrente em seus textos. As suas obras são prestigiadas em Portugal e cada vez mais traduzidas e publicadas no estrangeiro. Já recebeu inúmeros prêmios literários, que reconhecem sua carreira enquanto escritor e sublinham o seu papel no mundo cultural.

O Cardeal também é responsável pelo evento anual que reúne 200 personalidades da área cultural de todo o mundo para um encontro com o Papa Francisco no Vaticano. Em 2023, o encontro teve a participação de artistas brasileiros, como Caetano Veloso e Vik Muniz.

Fotos: Guilherme Gongra