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A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é uma região bastante desigual, com municípios díspares em relação à renda, pobreza, vulnerabilidade e outros indicadores

*Profa. Dra. Cristiane Feltre

Este artigo faz parte da série de artigos “RMC: Desafios sociais da década” e apresenta alguns resultados pobreza, renda e desigualdade do primeiro boletim do Observatório de Políticas Públicas e Migrações da RMC da PUC-Campinas.

A RMC é uma região bastante desigual, com municípios díspares em relação à renda, pobreza, vulnerabilidade e outros indicadores. Isso se deve em partes ao tamanho das economias de cada um, ao aproveitamento das suas potencialidades, às fragilidades estruturais, mas também é reflexo, das políticas públicas que foram adotadas ao longo do tempo.

Para se definir o nível de pobreza, no Brasil, são utilizadas faixas de renda individuais mensais. Assim, são considerados extremamente pobres aqueles que vivem com renda igual ou inferior a R$ 70,00 mensais; e pobres aqueles que sobrevivem com R$140,00 mensais – valores que têm como referência o ano de 2010. Além destas duas faixas, há os indivíduos classificados como vulneráveis – aqueles com renda mensal de até R$ 255,00.

De acordo com os dados do último censo demográfico divulgado em 2010, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) observou uma redução média no percentual de pessoas extremamente pobres – em 58% – e no de pobres – em 65% –, entre os anos de 2000 e 2010, melhor do que a observada no estado de São Paulo.

Em relação à redução no número de pobres se destacam Cosmópolis, Indaiatuba, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse e Valinhos. Apesar da redução generalizada nesta estatística nos municípios da RMC, Monte Mor e Engenheiro Coelho possuíam um percentual ainda bastante elevado de pobres em relação ao demais municípios da RMC no ano de 2010.

Apenas em dois casos o número de extremamente pobres se elevou: Morungaba e Holambra. Em Holambra, este aumento no percentual de pessoas extremamente pobres coincidiu com um maior número de imigrantes que se deslocaram para o município entre os anos de 2000 e 2010. Provavelmente, estas são pessoas que migram para esses municípios e não encontram emprego e/ou respaldo habitacional e acabam engrossando as estatísticas de pobreza. A redução mais expressiva no número dos extremamente pobres – acima de 70% – ocorreu nos municípios de Arthur Nogueira, Indaiatuba, Itatiba e Valinhos.

Em relação à desigualdade, entre os anos de 2000 e 2010 houve uma redução média na concentração de renda de 8,4% na RMC, enquanto que no estado de São Paulo a concentração se reduziu apenas 3,4%. Ainda que o indicador de concentração de renda tenha melhorado, houve uma piora em relação à diferença entre os municípios, ou seja, alguns melhoraram significativamente (Santo Antônio de Posse, Morungaba, Indaiatuba, Paulínia, Monte Mor) e outros muito pouco ou nada melhoraram (Americana, Vinhedo, Holambra e Campinas; e Sumaré e Valinhos).

Nestes dois grupos, alguns municípios chamam atenção. No grupo daqueles que observaram redução mais significativa na concentração de renda, Paulínia, que é o município com uma das maiores rendas per capita da RMC, a desconcentração foi observada por uma maior transferência de renda para a classe imediatamente inferior aos 20% mais ricos, ou seja, pouco se transferiu para os cidadãos de rendas mais baixas.

No grupo dos que evoluíram pouco ou nada em relação a concentração de renda entre os anos de 2000 e 2010, se destacam, curiosamente os que possuem as maiores rendas por habitante da RMC: Vinhedo, Holambra, Campinas e Valinhos.

A saída dos cidadãos que estão localizados em faixas de renda menores para faixas maiores depende do melhor acesso aos programas de qualificação profissional, e, consequentemente da geração de salários de maior valor agregado, e do maior acesso à educação, especialmente dos mais vulneráveis.

Enfatizo que esses resultados foram obtidos a partir da análise de dados do censo de 2010 e a pretensão é a de mostrar aos formuladores de políticas públicas como os municípios se encontravam naquele ano. Desses resultados se desprendem perguntas que os municípios devem se fazer como: “E neste momento, como estamos?” “O que devemos fazer para resolver o minimizar os problemas que temos até o próximo censo em 2020?”

Mais detalhes sobre os desafios da RMC podem ser encontrados no boletim do Observatório de Políticas Públicas e Migrações da RMC (PUC-Campinas) alocado no Portal da Universidade: http://www.puc-campinas.edu.br/proext/observatorio-de-politicas-publicas-migracoes-da-rmc/

* Cristiane Feltre é Economista e docente do Centro de Economia e Administração (CEA) da PUC-Campinas.



Eduardo Vella
16 de agosto de 2016