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Aluna com transtorno do espectro autista tem ajuda de cão em atividades na Universidade

Giordanna Martins Bononi, aluna de Terapia Ocupacional, conta com ajuda de Apolo na sua jornada universitária. Abril Azul é o mês escolhido para a conscientização sobre o autismo

A universidade sempre foi campo fértil para o surgimento de muitas boas histórias. Algumas acadêmicas, outras falam sobre conquistas, inovações e também sobre feitos com a comunidade, além de outras que marcam processos importantes para o fortalecimento da inclusão e do respeito com o ser humano. Hoje, a PUC-Campinas tem mais uma dessas histórias importantes para contar. A aluna Giordanna Martins Bononi, do curso de Terapia Ocupacional da PUC-Campinas, ajudou a dar mais um passo importante dentro da academia. Ela veio para a vida acadêmica com uma ajuda bastante especial na Universidade. A estudante, que tem transtorno do espectro autista, tem a parceria do cão Apolo para aproveitar o máximo da vida universitária.

A estudante conta como o companheiro ajuda nos momentos mais difíceis. “O Apolo me dá suporte para crises de ansiedade e crises do próprio autismo. Ele me alerta antes de elas acontecerem e, quando acontecem, ele faz terapia de pressão: ele sobe no meu colo e me mantém no lugar para que eu não me machuque”, explica Giordanna.

O labrador a acompanha diariamente em todas as aulas e atividades no Campus II da PUC-Campinas e é o primeiro cão de assistência a frequentar a Universidade. A chegada do amigão da estudante foi cuidadosamente pensada e organizada pelo Programa de Acessibilidade da Instituição (Proaces).

“Quando a Giordanna chegou com essa demanda, os primeiros passos foram entender como funciona a legislação para esse tipo de assistência e, depois, verificar quais os ambientes que ela estaria na Universidade para analisarmos se havia algum impacto da presença do cão. Eu consigo enxergar ela, naturalmente, dentro da comunidade acadêmica, com o Apolo junto. A Giordanna é muito bem equipada, no sentido pedagógico e de estratégias para ela mesma. E a inserção dela foi muito tranquila”, comenta Tatiane Andrietta, pedagoga em Educação Especial do ProAces da PUC-Campinas.

Giordanna não frequenta apenas as salas de aula. Ela está presente com o seu amigo nos laboratórios e, semanalmente, nos corredores do Hospital da PUC-Campinas, onde realiza estágio e já conquistou pacientes e funcionários. “É importante abrirmos as portas para essa população, que está crescendo tanto. Ela está super adaptada. Nós também preparamos a equipe para recebê-la. As pessoas estão vendo que é possível, que há novas possibilidades”, explicou Fátima Brasileiro, coordenadora do Serviço de Terapia Ocupacional do Hospital PUC-Campinas.

Uma curiosidade é que a aluna já trabalha com adestramento de cães de serviço ou assistência para pessoas com deficiência. A escolha pelo curso de Terapia Ocupacional foi alinhada ao seu objetivo de obter mais conhecimento no processo de adestramento. E com todas essas qualidades, a estudante já está mais do que entrosada no ambiente da classe. “Temos uma relação grande de amizade e parceria. Acho importante essa questão da inclusão. Tenho outros amigos fora da terapia e ela também está incluída em outras situações, outros momentos fora da aula, para ela ir conhecendo o significado da faculdade em si. Ela é uma pessoa muito importante para mim”, diz a amiga de classe de Giordanna, Nicole Terumi Tabata Yama.

O processo, importante para a missão da Universidade de evoluir sempre preocupada com a pessoa humana, também é reforçado por Gisele Casacio, diretora da Faculdade de Terapia Ocupacional da PUC-Campinas, que participa de todo processo. “A entrada de uma aluna que faz parte do espectro autista e que tem um cão de assistência traz um ganho para a faculdade, para o hospital, para a equipe, para os pacientes e para a própria aluna, que entende o quanto ela é capaz de estar nesses locais e o quanto nós, como universidade, conseguimos adequar e facilitar o acesso, que é um direito de toda pessoa com deficiência. Então, nos colocamos no papel de promover um pouco essa ambientação para que ela consiga desenvolver suas habilidades e competências”, comenta.

Giordanna está feliz e adaptada, mas quer mais. Ela espera que esse processo seja cada vez mais comum e que, no futuro, as pessoas aprendam mais sobre o autismo e tenham mais empatia. “O que eu espero é que pessoas com conhecimento aprendam mais sobre autismo e entendam que nós não somos apenas uma deficiência, nós somos uma pessoa. Precisamos de um suporte de um cão, dos nossos pais, mas nós somos um ser humano, que está ali querendo ser tratado da mesma forma que todos”, reforça Giordanna.

Confira aqui a reportagem em vídeo:

Abril Azul reforça a luta pela conscientização sobre o Autismo

O Abril Azul foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo e dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA. A cor azul foi escolhida porque ela estimula o sentimento de calma e equilíbrio para as pessoas.

O autismo pode ser identificado ainda nos primeiros anos de vida, embora o diagnóstico de um profissional seja dado apenas entre os 4 e 5 anos de idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o TEA é um transtorno de desenvolvimento neurológico caracterizado pela dificuldade de comunicação e/ou interação social.

Algumas características, como dificuldade de interação social, dificuldade em se comunicar, hipersensibilidade sensorial, desenvolvimento motor atrasado e comportamentos repetitivos ou metódicos podem identificar a presença do TEA.

O autismo funciona em níveis, ou seja, ele pode se manifestar de forma leve até uma forma mais severa. Esse diagnóstico detalhado será dado por um profissional da saúde.

No autismo, o azul estimula o sentimento de calma e de maior equilíbrio para as pessoas. Nesse caso, o azul auxilia em situações em que a criança, por exemplo, apresenta uma sobrecarga sensorial. Atualmente, o autismo passou a ser representado pelo símbolo do infinito colorido, que foi escolhido e criado pelos próprios autistas. O logotipo refere-se à neurodiversidade e a várias formas de expressão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, disponibiliza um Manual completo sobre o tema.

Clique aqui para ver o Manual na íntegra.

 (Fonte das informações: OMS)

 



Carlos Giacomeli
5 de abril de 2024