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Primeira patente da PUC-Campinas sobre resíduos de asfalto pode gerar economia equivalente a casas populares para 23 mil pessoas por ano

O professor Adilson Ruiz desenvolveu o projeto em sua dissertação de Mestrado no PosInfra (Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Infraestrutura Urbana)

O Brasil desperdiça milhões de reais com resíduos de asfalto retirados para o recapeamento de rodovias em todo o país. O professor da PUC-Campinas Adilson Ruiz desenvolveu em sua dissertação de mestrado no PosInfra (Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Infraestrutura Urbana), orientado pela Profa. Dra. Ana Elizabete Jacintho, um método de reutilização do material que pode gerar uma economia de US$ 97 milhões por ano somente com a venda do CO² (renda verde) e mais a redução de custos na compra de matéria prima como areia e pedra, suficientes para a construção de 7 mil casas populares de 40 metros quadrados suficientes para abrigar uma média de 23 mil pessoas.

As raspas do asfalto retiradas durante a fresagem, misturadas com concreto e outros materiais, seriam utilizadas na construção de canaletas, muretas de proteção e outras benfeitorias junto às próprias rodovias. Essa tecnologia, além dos ganhos econômicos para concessionários e poder público, pode reduzir a emissão de CO2 em cerca de 270 mil toneladas. Todos os cálculos foram feitos com base em dados oficiais sobre a malha viária nacional.

 

Esse CO2 que deixa de ser lançado na atmosfera pode ser comercializado por meio da “renda verde”, em que países ou empresas poluidoras compram créditos relacionados a programas de redução de poluição. Essa renda, acrescida da redução de custos da compra de matérias primas como pedras britadas e areia, geraria a economia calculada pelo pesquisador.

O estudo já está em processo de registro de direitos e foi a primeira patente depositada pela PUC-Campinas no INPI.

Por meio do NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica), as criações da Universidade serão analisadas e, sendo estratégicas, tramitarão para a proteção da propriedade intelectual. Além disso, farão parte do portfólio da Vitrine Tecnológica da PUC-Campinas, que está sendo criada para divulgar as pesquisas desenvolvidas pela Universidade.

Além da intermediação em propriedade intelectual, o NIT tem por objetivo auxiliar na transferência de tecnologia das patentes da Universidade com o mercado.

No caso desta patente, já há o interesse de pelo menos uma concessionária de rodovias em conhecer a técnica e avaliar sua viabilidade. Além dos ganhos ambientais e econômicos, a mistura sugerida na pesquisa ainda aumenta a resistência do material utilizado e sua capacidade de absorção de água.

“Eu trabalho há 29 anos no setor e sei que o material utilizado é caro. Por isso, pensei em como desenvolver mais uma opção para reduzir custos, diminuir desperdícios e impactos ambientais”, disse o professor.

Ele diz que a recomendação técnica e de órgãos de controle é que as pavimentações sejam renovadas a cada 10 anos no máximo, dependendo do volume e do tipo de veículos que transitam nas vias. Por isso, a produção desses resíduos é constante e em grande quantidade.

“Atualmente, parte desse resíduo é utilizado por prefeituras para tapar buracos. Mas nem sempre usam a técnica correta para aproveitar melhor o material”, diz.



Marcelo Andriotti
24 de setembro de 2019