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Troca de experiências é marca de Jornada de Jornalismo

Estudantes e profissionais destacam importância da troca de informações, tanto para novatos quanto para veteranos

Valmir Salaro, um dos mais respeitados jornalistas do país, foge do estereótipo de repórter policial durão, insensível e distanciado emocionalmente das histórias que acompanha. Após 40 anos de jornalismo, ele ainda se emociona fácil e não esconde que muitas vezes deixou o trabalho de lado para chorar abraçado a parentes de vítimas da violência.

Na noite do dia 13 de março, ele deixou Suzano, onde cobriu uma das mais chocantes tragédias já ocorridas em uma escola no Brasil, para vir à PUC-Campinas conversar com estudantes e professores na Jornada de Jornalismo 2019. No período da manhã, dois jovens entraram em uma escola estadual e assassinaram oito estudantes e funcionários antes de se matarem. “Eu sei que nesta noite não vou dormir. Normalmente tenho dificuldades, mas depois do que vi hoje, tenho certeza que vou passar a noite em claro. Pelo menos esse encontro com estudantes em Campinas vai recarregar minhas energias depois deste dia terrível”, disse antes da palestra.

A Jornada de Jornalismo da PUC tem como tradição trazer temas atuais, tendências da profissão e unir estudantes e recém-formados com profissionais experientes e consagrados em suas áreas. Uma relação em que ganham os dois lados. “Eu posso falar sobre o que eu aprendi, dos meus erros e minhas experiências nestes 40 anos de Jornalismo. Mas com os estudantes eu também aprendo com uma visão mais nova, mais aberta, o domínio da tecnologia… é uma troca muito boa”, disse.

Salaro é um jornalista que transitou pelo impresso, rádio e há 26 anos está na TV Globo. Ele também veio falar sobre a importância do audiovisual no jornalismo atual, tema da Jornada. “No jornalismo a imagem é tudo, sempre foi, né? No meu início de carreira era a fotografia, depois o vídeo na TV e agora na internet. A imagem é o mais importante para, a partir dela, contarmos uma boa história”, disse.

Na mesma noite, participou da palestra a produtora do Fantástico Elaine Camilo, com 30 anos de profissão, que contou como é o trabalho de investigação, levantamento de dados, entrevistas e contatos com fontes e entrevistados, um trabalho essencial para dar suporte aos repórteres que atuam na frente às câmeras.

Jornada

Caio Possati Campos, 25 anos, no 4º ano de Jornalismo, um dos participantes da palestra, disse que ouvir um profissional experiente como Salaro falar do seu trabalho sem medo de expor suas inseguranças é um alento. “Quando ele disse que até hoje sente dificuldades em fazer algumas coisas na profissão, com as quais a gente que vai começar a trabalhar e tem medo de encarar, dá até um conforto e alívio”, diz.

Ricardo Andrade, 24 anos, formado em Jornalismo na PUC-Campinas em 2015, não deixa de voltar para participar da Jornada mesmo depois de ter saído da Universidade. “Essa era uma das épocas do ano que eu mais gostava na época de estudante e não deixo de vir em pelo menos uma palestra. É uma grande oportunidade de aprender mais”, afirma.

Para a diretora do Curso de Jornalismo, Profa. Dra. Cyntia Andretta, a Jornada de Jornalismo sempre busca temas atuais. “Fizemos uma sobre esporte no período de Copa do Mundo e Olimpíadas, sobre política em época de eleições e seguimos nessa linha. Neste ano, entretanto, optamos por abordar uma tendência do Jornalismo, que é a valorização do audiovisual”, disse.

Os temas são escolhidos pelos professores, mas os alunos também contribuem para a escolha por meio dos representantes e lideranças de salas de aula, que informam quais são os assuntos que estão despertando mais interesse nos estudantes.



Marcelo Andriotti
19 de março de 2019