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Queda de demanda associada ao coronavírus pode prejudicar mais de 600 mil trabalhadores informais na RMC

Estudo do Observatório PUC-Campinas analisa também os impactos sobre os empregos formais, sobretudo nos setores de Comércio e Serviços

As medidas preventivas adotadas pelas empresas para conter a proliferação do coronavírus pode comprometer as atividades de 660 mil pessoas na Região Metropolitana de Campinas (RMC), aponta estudo do Observatório PUC-Campinas. O número considera a quantidade de trabalhadores situados no mercado informal, incluindo os serviços domésticos. (VEJA ANÁLISE COMPLETA)

De acordo com a economista Eliane Rosandiski, responsável pela análise, a projeção leva em consideração a iminente queda de demanda provocada pelas ações de combate à pandemia no Brasil e no mundo, que afeta toda a atividade econômica, com consequências mais graves aos pequenos comércios e aos serviços pessoais, como manutenção, academias e salões de beleza, além daqueles ligados à alojamento e alimentação.

A professora extensionista reforça que o cenário é ainda mais crítico no Brasil em virtude das incertezas e fragilidades das políticas adotadas para a retomada do crescimento econômico. Cerca de 40% dos empregos gerados em 2019, por exemplo, foram informais. “Esse quadro de informalidade é preocupante, pois na hipótese de prolongamento da queda de demanda, estes prestadores de serviços e comerciantes certamente não terão acesso a complemento emergencial”, avalia.

Embora os efeitos nos setores de Comércio e Serviço sejam mais visíveis, a análise atenta para as atividades industriais, que representam 25% do mercado de trabalho na RMC. Com a interrupção dos fluxos de produção durante a quarentena, parte dos serviços especializados também perde demanda. “Desta forma, os impactos serão sentidos pelo mercado formal de trabalho como um todo, afetando os segmentos mais especializados do setor terciário”, diz a docente.

Mercado formal

O estudo do Observatório mostra, ainda, que as medidas sanitárias emergenciais resultantes do Covid-19 podem ameaçar os empregos formais recuperados no ano passado em razão da característica das vagas preenchidas. Dos 9,9 mil novos postos, 4 mil foram criados no Comércio e 5,3 mil no setor de Serviços, sobretudo em empresas de até 4 empregados, normalmente mais vulneráveis em períodos de crise econômica.

Por esse motivo, a economista defende a adoção de políticas mais contundentes à realidade destes trabalhadores e dos pequenos empreendedores. Para ela, os R$ 169 milhões estimados pelo Ministério da Economia para socorrer grupos de cidadãos mais vulneráveis são insuficientes diante do tamanho da crise.

“O debate sobre o papel da política fiscal na defesa da sociedade diante da crise deve ser revisto. Numa situação de queda da demanda por conta de medidas de isolamento social, os efeitos sobre os pequenos empreendedores são devastadores. Neste caso, defende-se a adoção de medidas de transferência direta de renda para evitar a falência desses produtores menores, tais como vêm sendo anunciadas na Alemanha, França e Estados Unidos”, finaliza Eliane.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade, a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campina; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação dos estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.



Vinícius Purgato
26 de março de 2020