
Projeto social Cozinha Escola realiza formatura de mulheres que já vislumbram nova vida
Iniciativa da PUC-Campinas, Ceasa e ISA capacitou mulheres em situação de vulnerabilidade para a produção de pães e doces, que agora podem ter nova fonte de renda e transformar realidades
A formatura da 2ª turma de mulheres do Projeto Cozinha Escola, da PUC-Campinas, Ceasa (Centrais de Abastecimento de Campinas) e ISA (Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação) foi realizada nesta terça-feira, 3 de dezembro, no Hub Gastronômico do Campus I da Universidade. Em uma cerimônia marcada pela emoção e pela esperança, o grupo de 19 mulheres, que vive em situação de vulnerabilidade, ganhou uma nova fonte de renda para a família e a possibilidade de dar o primeiro passo para uma vida melhor.
Estiveram presentes na cerimônia o Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; o diretor-presidente da Ceasa, Valter Aparecido Greve; o presidente do ISA, Ronaldo Rodrigues Vale; a diretora social do ISA, Santina Rossi; a assistente social do ISA, Aline Alves; a coordenadora do curso superior de Tecnologia em Gastronomia, Andreia Pimentel; a professora do Curso de Gastronomia da PUC-Campinas, Maria Ângela Severino, que comandou as aulas do curso de capacitação.
Acompanharam o evento também Pró-Reitores, decanos, professores, gestores, alunos do curso de gastronomia e familiares das formandas presentes.
O Reitor da PUC-Campinas abriu o evento e falou da alegria em ver mais uma turma ganhando uma nova esperança de vida e geração de renda. “Esse projeto mostra que a Universidade atende às suas finalidades, de ensino, pesquisa e extensão. Dar condições para que mulheres consigam realizar os seus sonhos, embora com muitas dificuldades, pois elas lutaram para chegar até aqui, é importante para a sociedade e para a Universidade. Elas certamente fazem a diferença onde estão, no sentindo de buscar novos caminhos, criar novas oportunidades e pela capacidade que elas mostraram de superação. Eu fico muito feliz porque nós conseguimos estar à serviço dessas mulheres na realização dos seus sonhos”, comentou o Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior.
O diretor-presidente da Ceasa reforçou a importância de dar oportunidade a quem precisa. “A Ceasa Campinas é focada no abastecimento, na segurança alimentar e também na questão social. Então, um projeto como esse que você traz uma pessoa da periferia para dentro de uma instituição como a PUC-Campinas é tem relevância muito grande. Dar a oportunidade não só de essas mulheres aprenderem, mas de estar em um ambiente universitário, de conhecer toda a estrutura, é muito valioso”, comentou Valter Aparecido Greve.
Para o presidente do ISA, é uma oportunidade de aprender para compartilhar o conhecimento com outras pessoas. “Esse projeto é muito importante para o Instituto, porque abrange as comunidades que o instituto atende há mais de 40 anos e porque faz muita diferença para essas famílias. É uma forma de multiplicação do conhecimento, tendo em vista que elas compartilham o que aprendem com as pessoas que também vivem no bairro”, afirmou Ronaldo Rodrigues Vale.
“Você imagina a oportunidade para essas mulheres, de estar aqui na Universidade. Isso é muito grande para elas e para nós mesmos. Elas podem crescer como mulheres, profissionais e na vida. Elas serão multiplicadoras de tudo que estão aprendendo. Nos deixa mito alegre em saber que elas estão aproveitando ao máximo e que isso vai fazer diferença na vida delas”, complementou a diretora social do ISA, Santina Rossi.
Para a coordenadora do curso superior de Tecnologia em Gastronomia, Andreia Pimentel, trata-se de uma troca importante de experiências de vida e crescimento pessoal, além da formação profissional. “Nós unimos os estudantes que estão no ensino superior e mulheres que nunca tiveram essa oportunidade. São duas realidades totalmente diferentes. E isso é transformador para os dois lados: os alunos conseguem ter um outro olhar de como é o mundo, com realidades diferentes, e trocam experiências de vida, sabendo que podem melhorar o meio onde vivem, colaborando com o que aprenderam. Ele sai transformado, o que é muito importante em uma Instituição que tem essa visão humana. E para as mulheres é uma oportunidade de estar em uma Universidade tão reconhecida e querida. É gratificante e nos ajuda a cumprir a nossa missão”, explicou.
Oportunidade e sonho em Vestibular Social
A assistente social do ISA, Aline Alves, deu um depoimento emocionante sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres. Ela relembrou a caminhada como aluna na PUC-Campinas, Universidade que a formou assistente social e que ela teve acesso pelo Vestibular Social. “Eu sou mulher oriunda da região noroeste de Campinas, moradora do Florence 2, assistente social de formação pela PUC-Campinas e bolsista do Vestibular Social. A minha formação e de onde eu vim me faz compreender, diariamente, a realidade e o contexto social que essas mulheres estão inseridas. Hoje temos 19 formandas, mulheres da região Noroeste de Campinas, que disseram sim para esse projeto e para si mesmas, que se empenharam para estar aqui, com muito esforço, já que precisaram de uma rede de apoio para ficar com seus filhos. Foram muitos quilômetros de caminhada até o ponto de encontro e muitos bicos que precisaram dispensar para realizar esse sonho”, afirmou a egressa. “Parabéns, vocês não desistiram, venceram cada semana, trabalharam com dedicação e comprometimento todas as vezes. Que seja uma experiência positiva, que transforme a realidade de cada uma e do seu entorno”, completou.
Mão na massa e futuro
Para a professora Maria Ângela Severino, que comandou a capacitação com as mulheres, foi um momento de bastante satisfação. Afinal, com ajuda dela e dos estudantes da Gastronomia, o grupo de mulheres ganhou novas perspectiva a partir de agora.
“Esse projeto ele não ensina apenas a cozinhar, mas também a reproduzir em casa para que elas tenham uma fonte de renda, esse é o objetivo principal. A maioria dessas mulheres tem filhos, alguns deles autistas, e elas não têm com quem deixar. Com essa formação elas podem fazer tudo em casa e depois vender, e isso é muito importante”, afirmou a docente.
Depois, foi a vez da aluna de Gastronomia Bianca Chagas de Queiroz, que participou do processo de capacitação das mulheres, falar sobre a alegria de poder participar do projeto “É um momento muito especial na vida de todas, principalmente das nossas formandas. Agradeço a professora pela oportunidade que nos deu e agradeço a todos que fizeram parte ao projeto, principalmente às mulheres que participaram. Vocês foram o coração desse projeto, colocando dedicação, esforço e amor em cada etapa, empenhando-se e fazendo acontecer. Trocamos muitas histórias que guardaremos para sempre”, disse a aluna.
Primeiro passo para mudar de vida
As mulheres que participaram do projeto terminam essa etapa cheias de esperança, motivação e capacidade para transformar a vida. Para Cícera Guedes de Sousa, que participou da capacitação e agora já é mais uma aluna formada para crias as receitas em casa, foi um sonho realizado. “ A realização desse projeto na minha vida foi muito grande. Foi sobre sonhos, objetivos e conhecer pessoas. Esse curso foi um divisor de águas para mim, na parte pessoal e profissional. Abrir a nossa mente para o novo é sempre desafiador, mas esses desafios vêm sempre cheios de coisas boas para a nossa vida. Para mim, veio como um despertar dos meus sonhos e das promessas de Deus”, afirmou a formada.
Vanilza Costa Santos Rodrigues agradeceu o apoio e sabe que já pode começar a fazer as suas receitas. “Eu agradeço muito por essa oportunidade. Vou fazer coisas diferentes, conheci muitas pessoas. E, futuramente, quero abrir meu próprio negócio para ter renda. Gostaria de agradecer a todos que nos ajudaram”, afirmou.
Débora Cristina de Jesus Cândido disse que sempre sonhou com esse curso e que já vai começar o novo negócio. “Foi incrível, porque eu tinha um sonho de fazer Gastronomia, mas não tinha condições. Quando me ligaram, falei na hora que queria vir. Eu não tinha condições, mas essa porta foi aberta, agarrei e consegui concluir. Aprendi muita coisa! Vou abrir meu próprio negócio e vender bolo de pote”, disse entusiasmada.
Fome no Brasil
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado no ano passado, o Brasil tem 21 milhões de pessoas sem ter o que comer todos os dias e 70,3 milhões em situação de insegurança alimentar. O relatório mostra que no ano passado, o Brasil tinha 10 milhões de pessoas desnutridas.
Confira a galeria de imagens das formandas e do evento: