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Programa de Residência em Saúde amplia serviços de saúde e assistência

Multiprofissional, o programa tem forte inserção na comunidade e propicia a formação de profissional com alto índice de empregabilidade

Verificar o estado geral do bebê recém-nascido, observando possíveis sinais de alerta que demandem encaminhamento ao serviço de urgência, como, por exemplo, desconforto respiratório, desidratação ou algum tipo de infecção. E ainda orientar a mãe sobre o aleitamento materno e cuidados com a higiene, especialmente no caso de mães adolescentes. Estas são algumas das ações do programa “Visita Domiciliar ao RN”, desenvolvido pelos alunos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Criança da PUC-Campinas. O Programa, que existe desde 2012, tem como público-alvo alunos graduados em Psicologia, Fonoaudiologia, Nutrição, Enfermagem, Ciências Farmacêuticas, Fisioterapia, Terapeuta Ocupacional, Odontologia e Serviço Social. Além da Saúde da Criança, o aluno pode optar pelas áreas de Saúde da Mulher, Urgência e Trauma, e Intensivismo. Por meio de parcerias com o Hospital PUC-Campinas e com as Secretarias Municipais de Saúde e de Educação de Campinas, o curso promove forte integração dos alunos residentes com a comunidade, gerando impactos positivos e ampliando os serviços de saúde para populações em situação de vulnerabilidade social.

Com dois anos de duração, 80% da carga horária é voltada para atividades. “Esse é um diferencial do Programa, que permite que o profissional tenha uma capacitação contínua e intensa por dois anos, direcionada para os serviços de saúde, tanto no Hospital da PUC quanto em algumas Unidades Básicas de Saúde da cidade de Campinas”, explica a professora do curso de Enfermagem Gabriela Marchiori Carmo Azzolin, também coordenadora geral do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. Por meio de um convênio com os Ministérios da Saúde e da Educação, os alunos residentes recebem uma bolsa-auxílio durante os dois anos de formação. “Isso dá tranquilidade e autonomia para os profissionais cumprirem o programa”, destacou Gabriela. Atualmente 22 alunos participam do programa de residência.

Clínica ampliada

Outro diferencial é a abordagem multiprofissional dos atendimentos. No caso das visitas aos recém-nascidos, as equipes são compostas por enfermeira, fonoaudióloga, nutricionista, fisioterapeuta e dentista. As visitas são feitas com apoio logístico da PUC-Campinas. “Para mim foi uma experiência muito rica”, conta a fisioterapeuta Camilla Carvalho Oliveira. “Por meio dessa atividade eu pude conhecer de perto a realidade das famílias e, a partir disso, melhorar nosso atendimento; foi uma ótima oportunidade de uma clínica ampliada pela possibilidade de aprender sobre a abordagem das outras áreas e de compartilhar o meu conhecimento”, complementou.

A fisioterapeuta também participou de encontros com um grupo de adolescentes do oitavo e nono anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edson Luis Chaves, localizada no Jardim Santa Rosa, região Noroeste de Campinas. Lá, os alunos da residência organizaram rodas de conversa, cujos temas foram escolhidos pelos próprios alunos. Foram discutidos métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência. “Lidamos com populações com muitas carências e a educação sexual é uma delas. Percebemos um alto índice de gravidez entre as jovens, por isso a atuação do nosso grupo de alunos, explorando esse tema, ganha bastante relevância”, acredita a professora Gabriela Azzolin.

Os alunos do Programa também participam de ações no Centro de Saúde do Jardim Santa Rosa na área da saúde da mulher. De acordo com a professora do curso de Psicologia da PUC-Campinas, Karina de Carvalho Magalhães, o objetivo é proporcionar um atendimento integral às mulheres que utilizam os serviços desse Centro de Saúde. Um serviço que teve demanda

aumentada na pandemia foi justamente os casos de violência contra mulher. “Considerando os reflexos de longo prazo desses episódios na vida dessas mulheres, nossa equipe acompanha as pacientes por alguns meses, após o atendimento emergencial”, contou Karina.

Uma das áreas de especialização do Programa de Residência é a área de Urgência e Trauma, que, segundo o professor do curso de fisioterapia da PUC-Campinas, Airton José Martins, busca oferecer excelência na qualificação técnica, aliada a um atendimento humanizado. “Uma das ações que temos conduzido é o treinamento de agentes de saúde da rede municipal de Campinas para atendimentos de urgência, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC)”, contou. O grupo de alunos da Urgência e Trauma também realiza um importante trabalho de educação para o trânsito junto a alunos do ensino fundamental da Escola Estadual André Fort, localizada no Jardim Campos Elíseos. “É fundamental esse trabalho de prevenção, por isso investimos nessa ação que tem sido muito positiva, porque as crianças se transformam em agentes de disseminação dessas informações em suas casas”, apontou o professor.

Parte das atividades práticas acontece no Hospital da PUC. Em uma delas, o “Grupo de Pais Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Pediatria e Enfermaria de Pediatria” presta assistência Integral à família das crianças, melhorando a qualidade dos serviços prestados pelo Hospital. Durante esses encontros, os alunos e alunas da Residência Multiprofissional desenvolvem diversas atividades, parte delas escolhidas pelos pais, como orientações sobre os cuidados com as principais patologias das crianças internadas, bem como a promoção de momentos de descontração para amenizar o sofrimento desses pais, que passam dias e até meses com seus filhos internados. “Essas mães passam o dia inteiro no hospital, então tentamos introduzir atividades que possam melhorar o dia delas”, conta Gabriela.

Coordenada pela professora do curso de Enfermagem da PUC, Monica Costa Ricarte, a Residência em Intensivismo também concentra as atividades práticas no Hospital da PUC. Segundo ela, é uma área que lida com alta complexidade. “Procuramos conduzir as atividades práticas do curso a partir de demandas que chegam do próprio Hospital”, contou Monica. “Isso se mostrou muito útil, porque foi a partir de um desses projetos que desenvolvemos um protocolo de pronação (deitar o paciente de barriga para baixo para auxiliar na oxigenação pulmonar), ainda antes da pandemia. Quando chegou a pandemia já tínhamos esse protocolo estabelecido. Ele é frequentemente necessário em pacientes com casos mais graves de covid-19”, explicou a professora. A Residência em Intesivismo é direcionada a quatro profissões: enfermagem, nutrição, fisioterapia e farmácia. “A residência proporciona o desenvolvimento das habilidades e das atitudes dos alunos. Entregamos um profissional mais preparado para o mercado”, acredita Monica.

Mais recentemente, foi criado o programa “Atendimento Pós-Covid”, realizado junto à Residência em Medicina de Saúde da Família, envolvendo especialmente alunos da Fisioterapia e da Nutrição e com atendimentos dos pacientes que tiveram covid e foram internados. “Esses projetos têm um impacto muito grande na formação dos alunos. Eles se sentem muito inseridos no processo do trabalho como um todo, percebem a importância que têm na recuperação dos pacientes e na vida das pessoas da comunidade”, destacou a coordenadora geral do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde.

Por Patricia Mariuzzo



Marcelo Andriotti
1 de junho de 2021