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Professores da PUC-Campinas são homenageados por trabalho desenvolvido no Instituto Cultural Babá Toloji

Docentes da Faculdade de Ciências Sociais receberam a Medalha de Mérito Força da Raça e o Prêmio Destaque do Axé

Quatro professores da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas foram agraciados com a Medalha de Mérito Força da Raça e o Prêmio Destaque do Axé por um projeto de curricularização de extensão desenvolvido sobre a memória e trajetória do babalorixá Luiz Antônio Castro de Jesus, o Babá Toloji, idealizador e coordenador do instituto cultural que leva o seu nome e que conta com mais de dez mil obras de arte, sendo o maior acervo de peças africanas da América Latina.

A partir do referencial teórico-metodológico das Ciências Sociais, o trabalho buscou realizar discussões sobre o patrimônio material e imaterial e de salvaguarda de práticas culturais relevantes para grupos étnicos específicos da cultura brasileira, dando ênfase na valorização do patrimônio cultural religioso de matriz africana e afro-brasileira de Campinas e região.

Da esquerda para a direita, a Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, a Profa. Dra. Ana Paula Fraga Bolfe, o Prof. Dr. Cauê Fernandes Nunes e a Profa. Dra. Camilla Marcondes Massaro durante a cerimônia de entrega do 10º Prêmio Destaque do Axé, ocorrido no plenário da Câmara Municipal de Campinas, no último dia 6 de dezembro.

Os homenageados foram a Profa. Dra. Ana Paula Fraga Bolfe, a Profa. Dra. Camilla Marcondes Massaro, o Prof. Dr. Cauê Fernandes Nunes e a Profa. Dra. Stela Cristina Godoi. A Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, da Faculdade de Direito e coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (CEAAB), também foi uma das homenageadas com o recebimento da Medalha de Mérito Força da Raça por sua luta no combate ao racismo e por uma educação antirracista.

A cerimônia de entrega da 34ª Medalha de Mérito Força da Raça ocorreu no Hotel Vila Rica Campinas, no último dia 29 de novembro, enquanto que a do 10º Prêmio Destaque do Axé ocorreu no plenário da Câmara Municipal de Campinas, no dia 6 de dezembro.

Parcerias para o trabalho
Segundo a professora Ana Paula, que também é diretora da Faculdade de Ciências Sociais, o trabalho teve início com o desenvolvimento de uma parceria com o CEAAB e o Instituto Cultural Babá Toloji e, durante o processo, foi realizada a reconstrução da biografia e trajetória territorial e espiritual de seu fundador, que é o babalorixá da primeira casa de Candomblé de Campinas; a identificação do patrimônio material e imaterial do Instituto; e coleta de dados para a elaboração de recursos didáticos sobre o patrimônio cultural religioso de matriz africana e afro-brasileira para a educação básica.

“A participação ativa e engajada dos alunos e alunas da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas aliada ao fortalecimento de parcerias intra e interinstitucionais da Universidade com o CEAAB e com o Instituto Cultural Babá Toloji gerou um processo de formação humana, integral e antirracista para professores, professoras, alunos e alunas envolvidos, a partir da atuação do CEAAB e da comunidade negra de Campinas. Vale ressaltar também a parceria com o Museu Universitário da PUC-Campinas na participação e contribuição do curso de Ciências Sociais na exposição ‘Esculturas Africanas: A Essência da Tradição e Criatividade do Acervo Cultural Babá Toloji’, realizada na Universidade no segundo semestre deste ano”, comenta a diretora.

O evento de entrega da Medalha de Mérito Força da Raça, que, neste ano, chegou a sua 34ª edição, é concedida pelo Grupo Força da Raça, entidade que luta por igualdade de oportunidades e de direitos para a população negra. Na foto, membros da organização da honraria posam junto aos homenageados deste ano.

Ela finaliza explicando que “o nosso trabalho significa uma proposta de educação antirracista e nos sentimos realmente muito honrados pelos prêmios e orgulhosos dos frutos, assim como é muito importante o nosso formato colaborativo de trabalhar, tão potente de docentes e estudantes do curso de Ciências Sociais. Ao mesmo tempo, temos consciência da responsabilidade pela continuidade desse trabalho junto as parcerias que desenvolvemos e, mais do que isso, do fortalecimento de um posicionamento de combate ao racismo, à intolerância religiosa e às diferentes formas de violência que permeiam a nossa sociedade. Particularmente, eu sou muito grata por essa caminhada de tanto aprendizado junto à comunidade negra, que luta e resiste e que tem muito a partilhar, compartilhar e construir. Seguimos juntos nessa caminhada”.

Professores homenageados
A Profa. Dra. Stela Cristina Godoi explica que ter recebido ambas as homenagens “é uma alegria e uma honra, pelo valor que as pessoas que nos homenagearam têm. Não são quaisquer premiações, pois elas vêm da comunidade tradicional de terreiro e de intelectuais e militantes ligados à comunidade negra de Campinas e região, por quem eu tenho a maior admiração. Recebi com humildade as honras, pois elas fazem com que toda a nossa dedicação à docência e à PUC-Campinas valham a pena, porém, eu acho que quem me homenageou é quem merece todo o destaque e reconhecimento”.

Para a Profa. Dra. Camilla Marcondes Massaro, o recebimento das homenagens “é o reconhecimento do trabalho sério e comprometido que a Faculdade de Ciências Sociais vem fazendo através de diversas parcerias, sendo uma delas com o Instituto Cultural Babá Toloji, e ter o reconhecimento do trabalho que foi desenvolvido com eles, é de muito orgulho para nós, professores. Nos sentimos muito honrados. É uma alegria para nós, enquanto profissionais, recebermos este reconhecimento, porém, nos traz também uma grande responsabilidade em continuarmos trabalhando juntos com os grupos de cultura africana na construção de uma sociedade sem intolerância racial ou religiosa”.

O Prof. Dr. Cauê Fernandes Nunes explica que, tanto do ponto de vista pessoal, quanto do institucional, é uma honra receber ambas as homenagens, pois “isso representa um reconhecimento, não só individual de cada um de nós, mas da PUC-Campinas e da Faculdade de Ciências Sociais perante a sociedade, ou seja, as premiações mostram que o nosso projeto de curricularização da extensão, não só trabalha com a sociedade, mas possui uma grande qualidade”.

A diretora da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, Profa. Dra. Ana Paula Fraga Bolfe, recebe a Medalha de Mérito Força da Raça das mãos do babalorixá Luiz Antônio Castro de Jesus, o Babá Toloji.

A Profa. Dra. Waleska Miguel Batista encerra o rol de impressões dizendo que receber a Medalha de Mérito Força da Raça é “motivo de grande alegria” e que “é muito bom ter o nosso trabalho de combate ao racismo e luta para a conscientização ser reconhecido pelas instituições”.

Sobre as premiações
A Medalha de Mérito Força da Raça, que, neste ano, chegou a sua 34ª edição, é concedida pelo Grupo Força da Raça, entidade do movimento negro de Campinas fundada em abril de 1990 e que é presidida pela comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membra do CEAAB. A associação tem como objetivo lutar por igualdade de oportunidades e de direitos para a população negra.

O Prêmio Destaque do Axé, por sua vez, presta homenagem a pessoas comprometidas com a preservação das tradições africanas e foi idealizado pelo Sr. Francisco Chagas Santos, tornando-se parte do calendário oficial de eventos do município de Campinas através da Lei nº 15.992 de 23 de setembro de 2020. A celebração é realizada, anualmente, durante a Semana do Dia de Imaculada Conceição, padroeira da cidade.

De acordo com a comendadora Edna, que também faz parte da organização do Destaque do Axé, “a importância de ambos os eventos é de que eles revelam pessoas muitas vezes anônimas e que não têm visibilidade de seus feitos, principalmente na área educacional, que é a maior ferramenta de inclusão para o conhecimento e os saberes, ou seja, uma alavanca que projeta para o futuro. As experiências narradas nos agradecimentos dos homenageados mostram que muitos deles, inclusive, se privaram de muitas coisas para alcançar o seu objetivo e são, de uma maneira ou de outra, um estímulo a nossa juventude como referências a serem seguidas”.



Daniel Bertagnoli
12 de dezembro de 2024