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Professor pesquisador integra o quadro de avaliadores da Área de Educação CAPES

Prof. Dr. Adolfo Ignacio Calderón foi convidado para ser um dos 14 pesquisadores da Comissão, no quadriênio 2017-2020

Por Sílvia Perez

A Avaliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação, realizada pela CAPES, tem entre outros objetivos certificar a qualidade da pós-graduação brasileira. Esse sistema de avaliação está dividido em dois momentos que correspondem à entrada e à permanência dos cursos de mestrado e doutorado, sejam estes profissionais ou acadêmicos. Na entrada ao sistema, anualmente são avaliadas novas propostas de novos cursos de mestrado e doutorado. Na permanência, quadrienalmente, todos os programas credenciados passam por avaliação de qualidade.

No mês de julho deste ano, pesquisadores se reuniram em Brasília como parte de uma comissão para avaliar novas propostas de mestrado e doutorado em Educação que pretendem entrar no sistema, o chamado APCN − Apresentação de Propostas para Cursos Novos. Dentro dessa comissão, o Dr. Adolfo Ignacio Calderón, professor titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, foi convidado para compor esse seleto grupo. O Jornal da PUC-Campinas bateu um papo com o professor para saber mais sobre como funciona a avaliação dos cursos.

JP: Professor, poderia explicar qual foi o papel ou função que você desempenhou ou vem desempenhando na APCN-2018?

AC: Uma característica da avaliação da qualidade do Sistema Nacional de Pós-Graduação Stricto Sensu do nosso país, ou seja, dos mestrados e doutorados, é o fato de este ser realizado com a ativa participação dos próprios membros da comunidade acadêmico-científica. Neste caso, juntamente com mais 13 pesquisadores, fui convidado, na condição de Consultor ad hoc, para ser um desses membros que avaliam as propostas dos cursos novos (Mestrado e Doutorado) na área de Educação, especificamente na modalidade acadêmica. Outro grupo cuidou da modalidade profissional.

JP: Se são somente 14 pesquisadores em nível nacional, isso significa que é um grupo muito seleto. O que significou para você esse convite?

AC: Fiquei muito honrado e lisonjeado pelo convite recebido por parte do Dr. Robert Verhine, atual coordenador da área de Educação da CAPES. Não posso negar a alegria que senti, uma vez que, de certa forma, fazer parte desse grupo significa o reconhecimento ao trabalho acadêmico que venho desenvolvendo desde que me doutorei, há mais de 18 anos. Penso que, se por um lado, é um reconhecimento de ordem individual, por outro,  não se pode desvincular do fato de que eu faço parte de uma universidade cujos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação primam pela excelência. No relatório quadrienal da CAPES-2017, consta, de forma clara e explícita, que dentre os 170 Programas de Pós-Graduação em Educação existentes no Brasil, a PUC-Campinas está na lista dos 24 Programas que conseguiram ser avaliados como “Muito Bom” em todos os indicadores de avaliação. Isso foi resultado de muito trabalho realizado por nossa equipe, com apoio de nossas autoridades universitárias, sob a liderança do Dr. Samuel Mendonça, na época Coordenador do nosso Programa.

JP: É a primeira vez que participa desse tipo de comissão ou já tinha participado em outras ocasiões?

AC: Na CAPES e dentro do Sistema de Avaliação da Pós-Graduação é a primeira vez e posso lhe dizer que foi uma experiência inesquecível. Com o Dr. Samuel Mendonça, ambos na condição de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq, e como parte de nossas atribuições, temos adquirido certa experiência na avaliação de uma grande diversidade de pedidos de apoios feitos por colegas pesquisadores ao CNPq, como, por exemplo, pedidos de apoio para participação em Eventos Científicos no Exterior, Pós-doutorados, Produtividade em Pesquisa, Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão, Doutorado Sanduíche, Pesquisador visitante, Estágio sênior, entre outros. Entretanto, essas atividades são muito solitárias, é você e um formulário na Internet. Elas exigem muito cuidado na leitura dos processos e muita responsabilidade no momento de avaliar e fazer os julgamentos de valor para não incorrer em injustiças. Os trabalhos realizados na avaliação do APCN também exigem todos esses cuidados e responsabilidades, entretanto, a diferença se explicita nas atividades que são presenciais, na CAPES, em Brasília, ao longo de uma intensa semana de trabalho, além disso, tudo é realizado de forma coletiva, democrática e consensual.

JP: Como foi a avaliação dos cursos, quais foram as propostas avaliadas, quais foram as propostas mais interessantes que essa equipe analisou?

AC: Infelizmente, não posso avançar nesse terreno, uma vez que temos o compromisso com o sigilo das informações. As pessoas mais indicadas para abordar esses assuntos seriam o Dr. Verhine, coordenador de área, ou o coordenador adjunto, o Dr. Ângelo de Souza.

JP: Compreendo. O senhor falou que essa experiência foi inesquecível. Por que motivo foi inesquecível? O que mais lhe marcou?

AC: Eu elencaria três grandes motivos. O primeiro deles é o fato de que essa vivência me permitiu sair da teoria para a prática. Veja, eu tenho ministrado, ao longo de três anos, para os alunos do Doutorado em Educação, a disciplina obrigatória “A produção do conhecimento no campo das Ciências da Educação”, e nela abordamos a trajetória da pós-graduação brasileira, o Sistema Nacional de Pós-Graduação, os Planos Nacionais de Pós-Graduação e a forma como foi sendo construída a avaliação do sistema, com a ativa participação dos pares. Pois bem, participar dessa Comissão me permitiu, pela primeira vez, poder vivenciar muitas coisas que eu somente sabia pelos artigos científicos. Uma coisa é dizer que o sistema se autorregula com a participação dos pares, outra coisa é vivenciar esse processo de autorregulação. O segundo motivo permitiu ver que existem colegas com ampla experiência, em termos técnico-operacionais, do modus operandi, no que se refere às especificidades da avaliação da pós-graduação, os quais passei a admirar e com os quais aprendi coisas novas. Essa área da avaliação das novas propostas é muito mais complexa do que eu imaginava, interlaçam uma série de fatores para garantir a qualidade do sistema. No trabalho coletivo, fica em evidência as diversas matrizes e concepções de avaliação, bem como as tensões e conflitos que lhe são inerentes. O terceiro motivo foi a intensa convivência como colegas e amigos de longa data, bem como a possibilidade de ter conhecido pessoas extraordinárias que admirava por seu trabalho intelectual, mas nunca tinha tido a oportunidade de ter uma convivência mais próxima, muitos deles com grande experiência na avaliação da pós-graduação. Apesar de toda a experiência que tenho adquirido na avaliação de processos no CNPq, nessa nova experiência eu me senti como um aprendiz, um novato. Nesse sentido, só tenho que agradecer a meus colegas do APCN-2018.

O Coordenador da Área de Educação da CAPES, Prof. Dr. Robert Verhine, também destacou a importância do desafio da avaliação. “É com grande entusiasmo que eu assumo a Coordenação da Área de Educação junto à CAPES  nos tempos de hoje, pois a pressão para modificar a avaliação da CAPES e a disponibilidade por parte dos principais atores no processo para efetuar tais mudanças no curto prazo de tempo geram um grande desafio no sentido de promover uma avaliação mais flexível e formativa, centrada na autoavaliação do curso, algo que, historicamente, não tem sido suficientemente valorizado pelo processo avaliativo da CAPES”, declarou.

Para o Coordenador Adjunto da Área de Educação da CAPES, Prof. Dr. Ângelo R. de Souza, buscar uma equipe experiente e qualificada ajuda neste processo: “A pós-graduação, como todo o segmento da Educação no país, vem enfrentando um contexto de muitos desafios, especialmente o de buscar o incremento da qualidade e a ampliação do acesso, sem os recursos necessários. Neste contexto, o processo de avaliação da pós-graduação em Educação ganha ainda mais importância, porque mesmo com tamanhos desafios, ele se apresenta como um fundamental parâmetro de qualidade dos programas existentes na área e, ao mesmo tempo, como um critério delimitador da inclusão de novos programas no sistema nacional de PG. Assim, para dar conta desta importante ação avaliativa, a coordenação de área vem buscando constituir equipes com consultores qualificados, experientes e conhecedores do campo da política, planejamento, gestão e avaliação da pós-graduação no Brasil”.

A Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da PUC-Campinas, Profa. Dra. Maria Auxiliadora Bueno Andrade Megid, destacou o significado do convite recebido pelo docente para o Programa da Universidade: “A participação do Prof. Dr. Adolfo Calderón, junto à Comissão de Avaliação da área de Educação da CAPES, no quadriênio 2017-2020, nos traz um sentimento de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo docente em suas pesquisas e coloca em evidência o Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas que muito tem se empenhado em contribuir com a Educação brasileira, nas diferentes instâncias onde ela se faz presente”.

A opinião é compartilhada com o Prof. Dr. Samuel Mendonça, ex-Coordenador do Programa, que ressaltou o reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo de anos. “O convite para a participação do Professor Doutor Adolfo I. Calderón na Comissão de Avaliação da área de Educação da CAPES, no quadriênio 2017-2020, significa o reconhecimento pela qualidade de seu trabalho como pesquisador do campo educacional e, como consequência, o prestígio do nosso Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas, avaliado pela Comissão de área, no quadriênio passado, com a nota 5, com posterior atribuição de nota 4 pelo Conselho Técnico Científico da CAPES. Saber que um docente da PUC-Campinas faz parte da referida Comissão é muito significativo para a Universidade que tem demonstrado resultados muito promissores no que diz respeito ao aprimoramento da Pós-Graduação em diversas áreas do conhecimento”, finalizou.



Silvia Perez de Freitas
27 de agosto de 2018