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Presidente do Ciesp diz que o Brasil terá déficit de 140 mil profissionais de cibersegurança até 2025

PUC-Campinas lançou Curso de Cibersegurança neste ano e oferece vagas no Vestibular de Inverno

A PUC-Campinas lançou em 2024 o seu Curso de Cibersegurança, o segundo em Graduação do Brasil, para atender a um crescente interesse por parte dos estudantes, de profissionais de TI e das empresas e órgãos governamentais em todo o mundo. O aumento do ataque de hackers e os prejuízos causados pelo vazamento de dados estão colocando o tema da segurança virtual entre as prioridades dos administradores públicos e privados.

Para falar sobre como as empresas nacionais estão enfrentando o problema e qual mercado a área de cibersegurança oferece, a PUC-Campinas ouviu o engenheiro e empresário Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo ele, o Brasil terá déficit de 530 mil profissionais da área de informática até 2025, sendo aproximadamente 140 mil da área de segurança da cibernética, com salários que podem passar de R$ 20 mil mensais. Confira abaixo a entrevista.

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Em um editorial na revista do Ciesp, o senhor diz que os empresários precisam tomar consciência de que hoje a proteção de dados não é só mais uma questão para profissionais de TI, pois o vazamento põe em risco os negócios. As empresas brasileiras já estão investindo mais em cibersegurança ou essas medidas prevenção ainda não são uma realidade no país?

Estão sim. O nível de conscientização dos empresários tem aumentado substancialmente, mesmo porque as ameaças aos negócios estão se tornando cada vez mais sérias e destrutivas. Atualmente, essa questão tem sido debatida em muitos fóruns, inclusive no Ciesp. Penso que ações de proteção aos sistemas de gestão e, principalmente, aos ativos do “chão de fábrica” estarão cada vez mais presentes. Resumindo, não é mais uma questão de custo, mas de investimento no futuro do negócio.

 

O que o setor empresarial tem feito prioritariamente para enfrentar o problema?

O primeiro passo é a conscientização sobre cibersegurança. Muitos eventos de ameaças cibernéticas estão relacionados ao setor financeiro, como fraudes, falsificações, sequestro de dados etc. Na verdade, ameaças às informações em ambientes de “chão de fábrica” também são potencialmente muito graves, pois podem afetar a integridade de máquinas e outros ativos, paralisar a produção e abrir margem à espionagem de segredos industriais. O elemento mais vulnerável do sistema é sempre o ser humano. A elaboração de uma política de proteção de dados é fundamental, tendo sempre em mente, inclusive, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Aqui, prevenção é a palavra. Outra ação importante é trocar experiências entre as empresas. Isso é importante para que os empresários entendam e possam trabalhar melhor a prevenção de ciberataques.

 

O Ciesp também tem desenvolvido ações para auxiliar seus associados nessa questão?

O Ciesp está sempre desenvolvendo ações de difusão de informação para seus associados, relacionadas à cibersegurança. Como a cibersegurança pode impactar na produtividade das empresas, é uma das questões exploradas nas palestras sobre Macrotendências Mundiais até 2040, que temos apresentado pelas nossas 42 Regionais no interior paulista. Temos oferecido cursos e treinamentos presenciais e online, além de workshops e palestras para apresentar exemplos de ameaças e vulnerabilidades. Neste ponto, trabalhamos em parceria com o Senai-SP, mais especificamente com a escola Senai de São Caetano, que é especializada no tema, e com o Deseg (Departamento de Defesa e Segurança) da Fiesp, para oferecer serviços de consultoria e suporte na implementação estratégias de proteção ao ambiente cibernético. O Senai é um grande provedor de soluções, tanto no âmbito da qualificação profissional, quanto da assistência tecnológica às empresas.

 

Como está o mercado de profissionais de cibersegurança no Brasil? Os empresários têm encontrado dificuldades em contratar funcionários qualificados nessa área?

O mercado de profissionais de cibersegurança no Brasil está em crescimento significativo e apresenta oportunidades promissoras. De acordo com a consultoria IDC, o país enfrentará um déficit de 140 mil profissionais de cibersegurança até 2025. As oportunidades de emprego na área estão presentes em quase todos os setores, incluindo tecnologia da informação (TI), telecomunicações, finanças, varejo, governo, saúde, educação e outros. Reter profissionais é um desafio. A alta rotatividade ocorre devido a salários mais altos oferecidos pelos players do mercado. Países como Emirados Árabes e Canadá, por exemplo, têm atraído RH brasileiro na área de TI, para trabalho remoto e com salários valorizados em moedas internacionais e até em criptomoedas.

 

Há dados atualizados de quanto as empresas perdem com ataques cibernéticos em São Paulo ou no Brasil?

Em 2022, aproximadamente 25% das empresas brasileiras relataram perdas financeiras devido a ataques digitais. A maioria deles envolveu roubo de dados, com 78% das empresas tendo pelo menos uma experiência de ataque de phishing por e-mail e 23% delas sofrendo perdas financeiras. Além disso, 58% das empresas brasileiras enfrentaram tentativas de ransomware no ano passado, com 46% desses casos sendo bem-sucedidos para os hackers. O ransomware é um tipo de ataque em que os criminosos bloqueiam o acesso aos dados da vítima e exigem pagamento de “resgate” usando criptomoedas ou transações não rastreáveis. Apenas 7 em cada 10 empresas conseguiram recuperar o acesso aos seus dados após pagar o resgate.

 

Quais são os setores mais visados?

O setor de saúde foi o mais afetado no ano passado, mas há uma grande preocupação em torno do setor público em geral e, em especial, em relação ao de energia pelos impactos que podem trazer à população e até à cadeia produtiva. Houve um crescimento de 5% nos incidentes envolvendo ransomware, entre 2021 e 2022. É importante dizer que o Brasil lidera o ranking de ameaças cibernéticas no setor, pois suas médias estão acima dos números globais. A média brasileira ficou em 1.613 ocorrências por semana entre abril e setembro de 2022. Globalmente, tivemos aumento de 38% em ciberataques semanais de 2021 para 2022. Danos Financeiros apontam para uma previsão de custos anuais de US$ 10,5 trilhões por crimes cibernéticos até 2025. Por fim, outro dado é que a América Latina e o Caribe tiveram mais de 360 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos.

 

Na sua opinião, qual a importância da formação de bons profissionais de cibersegurança para a vida das empresas e para a economia brasileira daqui para frente?

O ambiente digital é essencial para os negócios. Sistemas de gestão de ativos em tempo real nas fábricas estão se tornando cada vez mais presentes no dia a dia. O elo mais fraco da cadeia é o ser humano, como disse antes. Os profissionais de cibersegurança, como por exemplo, técnicos especializados em sistemas de proteção digital, serão cada vez mais presentes, ou ainda, os chamados “CISOs” – Chief Information Security Officers, que tem a função de escrever e manter a política de cibersegurança nas empresas, protegendo os ativos contra todo tipo de ameaça ransomware (sequestro de dados) e Phishing (roubo de dados por meio de comunicação falsa). Eles serão, certamente, profissionais vitais nas empresas de qualquer porte.

 

 Quem busca se formar ou se especializar em cibersegurança encontrará boas perspectivas de contratação nos próximos anos no mercado empresarial?

Com o avanço da tecnologia também aumentam as possibilidades de ameaças virtuais, e assim oportunidades aparecem para muitos profissionais. No mundo são aproximadamente 3,5 milhões de vagas abertas para a área de TI, segundo relatório da Cybersecurity Trends da Mckinsey. O Brasil terá déficit de 530 mil profissionais da área até 2025, sendo aproximadamente 140 mil da área de segurança da cibernética. Com a alta demanda desses profissionais seu valor de mercado também aumenta. Os salários iniciam em R$ 2.500,00, para profissionais em início de carreira, alcançando valores que ultrapassam os R$ 20.000,00, para profissionais com mais experiência.

 

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Foto: Divulgação/Ciesp


Marcelo Andriotti
22 de abril de 2024