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Observatório PUC-Campinas mostra diferenças de renda e emprego entre gêneros na RMC

Professora extensionista acompanha dados oficiais e destaca distorções salariais

Estudos sobre emprego e renda realizados pela Profa. Dra. Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, tendo como base dados do Novo Caged (Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que as mulheres recebem em média 82% do valor médio dos salários dos homens na Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Os dados de janeiro de 2023 também mostram que as mulheres respondem por 36% do total de empregados formais na região. Além de analisar tendências gerais de todos os municípios da região, a professora também analisa dados por setores, como o emprego por escolaridade e entre jovens e mulheres.

Em 2022 houve um movimento diferente de anos anteriores, com um número maior de mulheres empregadas na RMC do que de homens. Foram 24.737 novas vagas para mulheres, enquanto os homens ganharam 22.037 vagas. Em 2021 os homens foram mais beneficiados, com 33.477 novas vagas enquanto as mulheres tiveram 31.226. Em 2020, ainda no auge da pandemia, foram só 2.234 empregos para homens enquanto as mulheres perderam 7.399 postos de trabalho.

A professora explica esse fenômeno de 2022 como resultado da recuperação do setor de serviços, que emprega tradicionalmente mais mulheres que homens. Como muitas dessas vagas foram fechadas durante o período de isolamento social, agora está havendo uma recuperação.

Os salários nesses setores, entretanto, são mais baixos e explicam a média de rendimentos mais baixa que dos homens. Mas não é só isso, geralmente as mulheres são menos privilegiadas na ocupação de cargos de chefia, independente do seu grau de instrução.

Entre empregos de nível superior, a média salarial das mulheres é de 67% em relação à média masculina, enquanto entre os de ensino médio é de 83% em levantamento feito em 2019.

“Geralmente nessas progressões na carreira, o processo de seleção para esses postos é feito por homens que discriminam mulheres. Entender a diferença de salários entre homens e mulheres passa também por entender que postos de trabalho elas ocupam nas empresas”, diz Rosandiski.

Indústria

Neste início de ano, chama a atenção o aumento das contratações na indústria. “O emprego na RMC foi puxado pela indústria (o que é bom, pois remunera bem) seguido pela construção civil e segmento de serviços de educação”, diz a professora da PUC-Campinas.

Nesse setor, entretanto, os empregos são mais voltados para os homens. “Dois terços desses empregos foram para os homens, o que explica a diminuição da contratação de mulheres neste ano”, explica.

Nas cidades da RMC, apenas as cidades de Monte Mor, Holambra e Santo Antônio de Posse têm médias salariais das mulheres maiores que a dos homens.

“Nesses municípios a geração de emprego foi muito baixa ou negativa, e pode ter ocorrido um efeito de geração de emprego em segmentos que contratam mulheres”, disse a professora.



Marcelo Andriotti
14 de março de 2023