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Observatório PUC-Campinas analisa impactos da guerra da Rússia e Ucrânia no Brasil e RMC

Estudo coordenado pelo Prof. Dr. Paulo R. S. Oliveira avalia variações econômicas

Um estudo do Observatório PUC-Campinas coordenado pelo Prof. Dr. Paulo R. S. Oliveira analisou os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia na economia brasileira, em especial na RMC (Região Metropolitana de Campinas), um ano após o seu início. O estudo levou em conta os principais produtos e serviços comercializados entre o Brasil e os dois países envolvidos no conflito antes e depois do início da guerra.

“O atual contexto da fragmentação das cadeias globais de valor gera elevada interdependência produtiva e comercial entre os países, intensificando o efeito de conflitos locais sobre as demais economias. Neste sentido, guerras como a da Rússia elevam o risco de rompimento de fluxos comerciais, seja pela imposição de sanções diretas a transações comerciais com os países envolvidos (governamentais e privadas), seja pelos impedimentos diretos à produção de bens e serviços em áreas de conflito”, disse o professor.

Além destes efeitos mais diretos, as reconfigurações de origens e destinos podem provocar altas e volatilidade nos preços internacionais de vários produtos de amplo consumo global. Como agravante, as cadeias globais de valor ainda não se recuperaram totalmente dos efeitos adversos da crise sanitária da covid-19.

O objetivo do estudo foi analisar, sobretudo, como o primeiro ano da guerra impactou as relações comerciais bilaterais regionais. Apesar dos efeitos negativos provocados pelas altas de produtos como petróleo, fertilizantes e trigo, o Brasil também registrou alguns ganhos ao suprir a falta de alguns bens produzidos nesses países.

“Fica evidente que as economias nacional e regional sofreram com a escassez e com a necessidade de encontrar novos fornecedores de fertilizantes, petróleo e trigo, apesar da oportunidade para os produtores nacionais ganharem espaço como ofertante destas commodities”, avalia o professor.

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No início da guerra, a alta de preços de algumas commodities e riscos de desabastecimentos figuravam dentre os principais desafios para esfera global. A Rússia ainda é um grande exportador de petróleo, respondendo, em média, por cerca de 11% das exportações globais da commodity. O preço do barril do petróleo Brendt, por exemplo, que já estava em alta deste janeiro de 2022, subiu 16,33% entre 28/03/2022 e 31/03/2022, considerando-se a média móvel de 30 dias.

Além disto, a Rússia e a Ucrânia responderam, em 2020, por 19,5% e 8,7% das exportações globais de trigo, respectivamente. A Ucrânia é uma grande produtora de milho. Entre fevereiro e março de 2022, o preço internacional do trigo disparou 47,4% e o do milho 19,1%.

Outro foco importante esteve no mercado de fertilizantes. A Rússia é um grande exportador de fertilizantes utilizados na agricultura – o país responde por aproximadamente 14% das exportações globais do produto.

O Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes e o quinto maior importador mundial de trigo. Embora o trigo consumido no Brasil venha, sobretudo, da Argentina e dos Estados Unidos, a escassez da oferta causou aumentos expressivos nos preços. Já no caso dos fertilizantes, o Brasil depende consideravelmente das importações da Rússia, e foi afetado diretamente pela escassez de oferta.

Por outro lado, a pressão inflacionária nas commmodities agrícolas e energéticas, como esperado, também beneficiou os produtores nacionais. Houve, por exemplo, aumento da área plantada de trigo no Brasil, com safra recorde e forte aumento das exportações nacionais. A safra atual atingiu 10 milhões de toneladas, alta de mais de 27% e relação a última safra, segundo dados da Abitrigo.



Marcelo Andriotti
28 de fevereiro de 2023