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Déficit comercial da RMC até novembro já supera todo o acumulado de 2018, mostra Observatório PUC-Campinas

Diferença entre importações e exportações chegou a US$ 8,4 bilhões sem considerar o mês de dezembro; no ano passado inteiro, montante não alcançou US$ 8 bi

O déficit comercial da Região Metropolitana de Campinas (RMC) alcançou, após fechamento do mês de novembro, o valor de 8,4 bilhões de dólares, montante que já supera todo o acumulado de 2018, registrado em US$ 7,98 bi. Até o momento, segundo dados do Ministério da Economia analisados pelo Observatório PUC-Campinas, as empresas da região importaram US$ 12 bilhões e exportaram US$ 4,09 bilhões.

A crise que assola a Argentina, principal mercado de destino de produtos fabricados na indústria automobilística regional, ajuda a explicar este cenário: somando os demais países importadores, a venda de veículos sofreu queda superior a 50% no período de um ano. Fora isso, as empresas da RMC continuam dependentes de insumos produzidos no exterior, especialmente aqueles que demandam maior capacidade tecnológica.

“Em suma, o déficit comercial da região segue em expansão. Para o desenvolvimento econômico sustentado, é desejável a redução da dependência externa e o aumento da competitividade por meio das exportações, sobretudo em produtos de maior complexidade econômica”, enaltece o economista Paulo Oliveira, responsável pelo estudo.

A cidade de Campinas se apresenta como a principal exportadora da RMC, tendo vendido quase US$ 1 bi ao longo de 2019. O município de Paulínia, por sua vez, é o que mais importa: cerca de 3,7 bilhões de dólares até o encerramento do último balanço. As únicas cidades a apresentarem saldos positivos na balança são Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Pedreira e Santo Antônio de Posse.

Novembro

Em relação apenas ao mês de novembro, os dados constatam redução superior das importações em relação às exportações (-3,86% ante -3,11). Caso contrário, o déficit comercial no acumulado do ano seria ainda maior. Na pauta dos produtos exportados, destaca-se a diminuição na venda de medicamentos e acessórios para veículos motorizados e o aumento de polímeros e máquinas para a construção civil.

A queda na comercialização externa destes produtos (medicamentos, veículos e acessórios para automóveis), que possuem alto grau de complexidade, indicam outro revés à economia regional, uma vez que suas fabricações estão atreladas a maiores níveis de produtividade e renda. “Esses produtos requerem mais conhecimento pare serem produzidos e demandam por mão-de-obra mais qualificada. Salários mais altos que seriam pagos a essas pessoas deixam de ser oferecidos em razão da baixa demanda”, explica o professor extensionista.

Por outro lado, as importações estiveram concentradas em aparelhos elétricos para telefonia, e principalmente de insumos como inseticidas, fungicidas e herbicidas, sugerindo maior atividade econômica na RMC nos segmentos da indústria química, farmoquímica e agroquímica, enquanto os segmentos da indústria automobilística, eletrônica e telefonia seguem desaquecidos.

Pelos resultados de novembro, a região fecha o mês com déficit de 710 milhões de dólares. Sem o desequilíbrio da RMC, o Estado de São Paulo, que contabilizou déficit de US$ 144,58 milhões, teria apresentado um saldo positivo de US$ 566,2 milhões.

Observatório PUC-Campinas

 O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC.  As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.



Vinícius Purgato
11 de dezembro de 2019