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Coronavírus avança na Região de Campinas após semanas de desaceleração

Em Campinas, aumento de casos e mortes superou 20% e 30%, respectivamente; feriado de 7 de setembro pode ter sido causa

O Observatório PUC-Campinas, em nota técnica divulgada nesta segunda-feira (21), mostra que a pandemia de covid-19 avançou na Região de Campinas durante a 38ª Semana Epidemiológica. Os casos e mortes no Departamento Regional de Saúde de Campinas, na Região Metropolitana e no município de Campinas voltaram a exibir variações positivas após semanas consecutivas de desaceleração.

Em termos de novos casos, o DRS-Campinas, depois de contabilizar 4,07 mil infecções no período – de 13 a 19/09 –, apresentou crescimento de 5,4%. A RMC, com 2,8 mil contaminações, obteve variação positiva de 3,37%. O aumento percentual em Campinas, por sua vez, foi de 22,6% após contabilizar 1.003 casos de coronavírus. As mortes subiram 21%, 29% e 31%, respectivamente.

Com os números, o DRS-Campinas, composto por 42 municípios, encerrou a 38ª Semana com o total de 99,4 mil casos e 3,1 mil mortes, ficando atrás somente da Grande São Paulo no Estado. A RMC chegou a 73 mil casos e 2,3 mil óbitos. Campinas, epicentro da pandemia na região, teve 30,2 mil casos de covid-19 até 19 de setembro, deixando 1.182 vítimas fatais (3,90%). Os dados atualizados podem ser obtidos no site https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.

De acordo com o infectologista da PUC-Campinas André Giglio Bueno, o novo aumento dos casos e mortes acende um sinal de alerta à população, que nas últimas semanas, sobretudo no feriado de 7 de setembro, demonstrou certo relaxamento nas medidas de proteção contra a pandemia. “Na medida em que a flexibilização aumenta, a responsabilidade individual para seguir todas as recomendações também cresce. Se a adesão às práticas de prevenção diminui, a probabilidade de alta nos casos fica mais evidente”, diz o professor da Faculdade de Medicina.

“Passadas duas semanas do último feriado nacional, em que a falta de cuidado com as medidas básicas de proteção foi escancarada em imagens de bares e praias lotadas corrobora com essa hipótese. Além das aglomerações em áreas públicas, tem sido observado também um aumento das reuniões familiares e de amigos. Essa situação, embora superficial para apontar tendências, nos coloca num patamar de preocupação superior ao das últimas semanas”, complementa.

O economista Paulo Oliveira, que conduz as notas técnicas relativas à covid-19 no Observatório PUC-Campinas, avalia que o novo aumento das contaminações compromete a sustentabilidade das reaberturas, que só se sustentam com a eficiência dos protocolos para a contenção da crise sanitária. “Além disso, a recuperação econômica, infelizmente, vai depender de fatores além da permissão para o funcionamento das atividades”, afirma o professor extensionista.

Ainda segundo o docente, a recuperação é dependente da capacidade de consumo das famílias, atualmente afetada pelo desemprego e diminuição de renda, da política de gastos públicos e da retomada da economia internacional. “E como complicador, há o aumento da preocupação com um possível movimento inflacionário, que pode impactar diretamente o bolso da população. Tal condição reforça também a necessidade da criação de políticas de mitigação do crescimento dos custos dos insumos, como a valorização do real em relação ao dólar”, finaliza.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC.  As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.



Vinícius Purgato
22 de setembro de 2020