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Condições de emprego às mulheres podem se agravar com reformas trabalhista e da Previdência, aponta economista

Análise se ampara em estudo do Observatório PUC-Campinas sobre as mulheres no mercado de trabalho

Um estudo do Observatório PUC-Campinas, embasado em dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Demitidos), avalia que o panorama das mulheres no mercado de trabalho deve sofrer impactos negativos com a aprovação da Reforma da Previdência e, de imediato, com as mudanças nas relações de trabalho, previstas na Reforma Trabalhista sancionada em 2017.

A economista e professora extensionista da PUC-Campinas Eliane Rosandiski analisa que a maior flexibilidade nos contratos de trabalho tornará mais frequentes as contratações parciais e intermitentes, que já tomaram o lugar das ocupações formais. “E no que tange à Reforma da Previdência, caso seja aprovada da maneira que está, a tendência é fragilizar mais a situação da mulher, que não terá condições de assegurar um bom valor de aposentadoria”, destacou.

A análise está amparada no estudo temático realizado pela docente, que explora a trajetória das mulheres no mercado de trabalho, de 2010 a 2018, na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os dados mostram que, embora o público feminino tenha preenchido 86% dos postos gerados neste período (32 mil em um total de 37,1 mil), as remunerações ficaram 20% abaixo das pagas aos homens.

Quando comparada à mão de obra mais escolarizada, a situação é ainda pior: neste contexto, o salário pago às mulheres é 35% menor em relação ao público masculino. Isso ocorre porque as vagas de trabalho destinadas às mulheres pertencem a categorias intermediárias nas estruturas ocupacionais.

“Os dados mostram que existe implícita divisão sexual do trabalho, em que determinados cargos não podem ser preenchidos por mulheres. O dramático é que tal discriminação se manifesta em termos de remuneração. A face mais perversa desse ajuste é constatar que o crescimento do emprego feminino deste período pode ser entendido como parte de uma estratégia de redução de custos pelas empresas”, afirmou Eliane.

Os salários mais baixos, decorrentes das estratégias empresariais apontadas e da flexibilização nos contratos de trabalho, tornam inviável a contribuição para a aposentadoria, sobretudo em caso de aprovação do regime de capitalização individual para a previdência. “Além disso, vale dizer que a ampliação da idade mínima e o aumento do tempo de contribuição impossibilitam uma remuneração digna para a velhice. As trabalhadoras rurais e as mulheres chefes de família de baixa renda serão as mais atingidas”, finalizou a docente.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas é responsável pelo monitoramento de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e está, atualmente, amparado em quatro eixos temáticos: Atividade Econômica/Comércio Internacional; Emprego/Renda; Sustentabilidade/ Desafios do Milênio; e Indicadores Sociais. Os estudos se estruturam na seleção de indicadores e análise sistêmica de dados que podem ser usados em diversos setores da sociedade.



Vinícius Purgato
28 de março de 2019