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CEAAB promove ato inter-religioso pelo Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

O evento, realizado na sede da entidade, contou com a presença de inúmeras autoridades

O Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros “Dra. Nicéa Quintino Amauro” (CEAAB) da PUC-Campinas realizou, no último dia 21 de janeiro, em sua própria sede, localizada na Sala 8, do Prédio H13 do Campus I da Universidade, um ato inter-religioso com o intuito de assinalar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A iniciativa reuniu quinze autoridades religiosas e uma série de outras autoridades de diversos campos da sociedade.

Durante a abertura do evento, a artesã, escritora, atriz e guerreira do povo indígena Mbyá, Lu Ahamy Mirim, liderou uma reza dos povos originários com uma cantiga que pediu bênçãos à natureza. Logo depois, quatorze lideranças religiosas de Campinas e região proferiram mensagens de fé, paz e solidariedade, sendo que, ao final, um mantra foi realizado pelos presentes, de mãos dadas, expressando a seguinte mensagem: “eu seguro a sua mão na minha, para que juntos possamos fazer aquilo que eu não posso fazer sozinha(o)”.

Durante a abertura do evento, a artesã, escritora, atriz e guerreira do povo indígena Mbyá, Lu Ahamy Mirim, liderou uma reza dos povos originários com uma cantiga que pediu bênçãos à natureza. Logo depois, quatorze lideranças religiosas de Campinas e região proferiram mensagens de fé, paz e solidariedade.

As lideranças religiosas que participaram do ato foram: o padre José Antônio Buareto, assessor para a Dimensão do Ecumenismo do Diálogo Inter-Religioso na cidade de Bragança Paulista e Membro do Grupo Inter-Religioso da mesma cidade; o babalorisá Toloji, presidente da Comunidade de Tradição do Culto Afro Ilesin Ogun LaKayie Osinmole; o pastor Paulo Lima, da Igreja do Nazareno; o advogado Ademir José da Silva, representante e praticante do Budismo de Nitiren Daishonin; a monja budista Nirvana França, de Valinhos; o líder do Terreiro de Umbanda da Vó Benedita, João Carlos Galerani; a iyalorisá de Candomblé Iya Rosana de Oya, de Jundiaí; a iyalorisá de Candomblé Iya Omi Koya, de Campinas; o umbandista Jhony Cristian, de Jundiaí; o Mam’etu de Nkisi MiKaiale, do Candomblé Nação Angola, de Monte Mor; a liderança do Terreiro de Umbanda Estrela Matutina, Eduardo Ferraz; a liderança religiosa do Ilê Asé Obá Omi Aladô e membro do Conselho Consultivo do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (CEAAB), Moacir Barra Grande Filho; a liderança da Casa Aganju Axé Oloroke Ty Efon, Marcelo Aganju; e o coordenador da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Campinas, pastor Marcelo Rezende.

De acordo com a comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membra do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (CEAAB) da PUC-Campinas, a parceria com todas as confissões de Fé que participaram do evento se dá através do Grupo de Cosmovisão e Tradição de Matriz Africana do CEAAB. Ela explica que “este grupo teve um crescimento ímpar e que foi possibilitado pelo diálogo entre os seus integrantes, sempre pautado pelo respeito à liberdade religiosa e a fé de cada um”.

Além das autoridades religiosas, também estiveram presentes a pró-reitora de Graduação da PUC-Campinas, Profa. Dra. Cyntia Belgini Andretta; o Prof. Dr. Glauco Barsalini, docente do Programa de Mestrado em Ciências da Religião e da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas; o vereador de Valinhos, Marcelo Yoshida; o assessor da Câmara Municipal de Campinas, Rômulo Fernandes Silva, além de diversos outros assessores parlamentares e membros de vários terreiros.

As lideranças religiosas presentes representaram desde confissões de Fé de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, até o Cristianismo e o Budismo. De acordo com a comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac), a parceria da PUC-Campinas com elas se dá através do Grupo de Cosmovisão e Tradição de Matriz Africana do CEAAB.

Sobre o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é celebrado todo dia 21 de janeiro. Instituída pela Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, a data foi incorporada ao Calendário Cívico da União como uma data oficial de conscientização sobre a intolerância religiosa no país. O intuito é lembrar a morte da fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, a iyalorisá Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda de Ogum, que teve a sua casa e o seu terreiro em Salvador invadidos por um grupo de outra religião. Após ser caluniada, perseguida e agredida física e verbalmente junto a seu marido, ela faleceu vítima de um infarto fulminante.

Segundo a comendadora Edna, essa data em reverência a Mãe Gilda “é um momento oportuno para a reflexão, sobretudo neste momento em que é crescente o número de denúncias de prática de atos de intolerância religiosa no país”.

O Brasil registrou, segundo dados do Disque 100 – Direitos Humanos, ao longo de todo o ano de 2023, 2.124 casos de violações de direitos humanos relacionadas à intolerância religiosa. Este número representa um aumento de 80% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 1.184 ocorrências. A presidente da Armac comenta ainda que esse cenário “evidencia a urgência de promovermos o respeito à diversidade religiosa e combatermos a intolerância em suas diversas formas”.

São Paulo se destaca como o único estado brasileiro a possuir uma lei estadual específica contra a intolerância religiosa. A Lei nº 17.157, de 18 de setembro de 2019, regulamentada pelo Decreto nº 65.086, de 23 de julho de 2020, estabelece penalidades administrativas, como multas de até 87 mil reais, para aqueles que cometerem discriminação por motivo religioso. “Esta legislação reflete a necessidade urgente de se sancionar práticas discriminatórias e de se promover a convivência harmônica entre as diferentes crenças”, encerra a comendadora Edna.



Daniel Bertagnoli
28 de janeiro de 2025