Sonhos, dignidade e recomeços: Projeto Cozinha Escola inicia nova jornada na PUC-Campinas promovendo formação empreendedora por meio da Gastronomia

Mulheres protagonistas de suas próprias histórias de superação foram acolhidas no Hub Gastronômico da Universidade; Parceria entre PUC-Campinas, CEASA e ISA mostra, na prática, o que significa servir à comunidade.

Na manhã da última quinta-feira (11), o Hub Gastronômico da PUC-Campinas foi palco de uma poderosa mistura de expectativa, emoção e, acima de tudo, esperança. Vinte mulheres, cada uma carregando uma jornada única, deram o primeiro passo em um novo capítulo de suas vidas com o início de mais uma turma do Projeto Cozinha Escola. A iniciativa, fruto da consolidada parceria entre a Universidade, a Ceasa Campinas (Centrais de Abastecimento de Campinas S.A) e o ISA (Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação), visa capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social para atividades gastronômicas, promovendo a inclusão social e geração de renda.

Após o curso, a expectativa é que as alunas possam produzir itens de panificação e confeitaria, gerando renda e promovendo o empreendedorismo. O público desta edição são mulheres das regiões do Campo Belo e do Itatinga. A iniciativa é a materialização de como a união de esforços pode gerar transformação social real e duradoura, a partir da formação empreendedora.

A cerimônia de abertura, que marcou o início desta nova jornada, contou com a presença do Vice-Reitor da Universidade, Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David; da Diretora-Presidente da Ceasa Campinas, Walquyria Aparecida Majesveski e do Presidente do ISA,  Ronaldo Rodrigues Vale, que compuseram a mesa. Também estiveram presentes a Pró-Reitora de Graduação, Profa. Dra. Cyntia Belgini Andretta;  o Decano da Escola de Economia e Negócios, Prof.Me. Eduardo Frare; a Diretora do Hub Gastronômico e Coordenadora do Curso de Gastronomia, Andreia Pimentel; a Docente do Curso de Gastronomia, Profa. Maria Ângela Severino; o responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano e Integral: Levanta-te e Anda (PDHI:LA), Prof. Dr. Everton Silveira; a Gerente Administrativa e de Gestão de Pessoas da CEASA, Rivânia Silva; e a Coordenadora e Gerente do ISA,  Maria Carolina Loureiro Decaro.

Parceria a serviço da dignidade humana

Para a PUC-Campinas, acolher essas mulheres é a materialização de sua missão mais profunda. O Vice-Reitor, Prof. Dr. Pe. Davi de Almeida, destacou que o projeto transcende a formação técnica. “A relevância é o serviço que a Universidade presta à dignidade humana, à qualidade de vida das pessoas. Essa parceria tem nos proporcionado a possibilidade de oferecer uma nova chance, novos conhecimentos, para mulheres em situação de vulnerabilidade. Acreditamos que cada turma que aprende e leva para sua comunidade um alimento saudável representa um crescimento de vida, um crescimento na dignidade. Por isso, é extremamente relevante para o exercício da missão da nossa Universidade Católica”, ressaltou.

Essa missão é compartilhada e fortalecida por parceiros que entendem seu papel social para além de suas atividades primárias. A Ceasa Campinas vê no projeto um desdobramento de sua responsabilidade com a comunidade. “É um orgulho fazer parte disso. Nosso papel, além de ser um centro de abastecimento, passa pela formação de novas profissões que possam trazer para a sociedade mais consciência e preparação para os desafios, seja na geração de renda ou na possibilidade de se alimentar de forma nutritiva”, afirmou a Diretora-Presidente da Ceasa Campinas, Walquyria Aparecida Majesveski.

A ponte direta com as famílias é feita pelo ISA, que potencializa o trabalho que já realiza. “Este projeto vem ao encontro do que já fazemos, para auxiliar essas famílias a adquirirem um conhecimento melhor. É mais uma ação para que elas consigam ter uma independência financeira e, principalmente, replicar isso para outras pessoas. O conhecimento não fica com a gente, a gente sempre passa para a frente”, disse o presidente Ronaldo Rodrigues Vale.

Vozes de um novo começo: mulheres protagonistas

E foi essa robusta rede de apoio institucional que acolheu as verdadeiras protagonistas do dia: as 20 mulheres que agora iniciam sua jornada. Para entender a dimensão do projeto, é preciso ouvir suas histórias. Janaína Gomes de Souza Dias definiu o momento com a força de quem vê um horizonte se abrir. “Olha, para mim, é um grande recomeço. Sou uma mãe atípica, tenho um filho com TEA, e eu me perguntava: ‘o que posso fazer para ajudar meu filho?’. Então, para mim, esta é uma oportunidade incrível, que chegou quando eu mais precisava para adquirir o conhecimento e a renda que tanto precisamos”, compartilhou.

Esse sentimento de que a cozinha é um espaço de reinvenção, afeto e cura ecoou em várias vozes. Ozanice Silva de Oliveira, que mal dormiu na noite anterior, vê no curso a realização de um sonho. “É um sonho que está se realizando aqui. A cozinha não é só uma atividade; ali é uma terapia, você esquece coisas que estão te machucando. Você está levando não só o alimento, mas o amor, o carinho. É gratificante. Meus filhos que se esperem, mamãe vai fazer muita coisa boa!”, celebrou.

A emoção tomou conta de Terezinha Aparecida Pinheiro, que não conteve as lágrimas. “Estou pretendendo agarrar com unhas e dentes esta oportunidade. Chorei muito. Estou muito feliz de estar aqui, me senti em casa. Espero conseguir crescer na vida”, disse. Para Amélia Pereira dos Reis, a iniciativa representa uma forma concreta de complementar a renda da aposentadoria. “Achei uma oportunidade de aprender a fazer massas e de complementar minha renda. Fiquei muito contente”, contou. Já Heloísa Borges Tavares sentiu-se em casa. “Está sendo deslumbrante. Estou encantada, não só com a cozinha, mas com a PUC inteira. E o acolhimento, então, foi maravilhoso”, celebrou.

No Hub Gastronômico, os ingredientes já estão postos. Mas, nesta quinta-feira, ficou claro que a receita principal do Cozinha Escola é feita de esperança, dignidade e da coragem de recomeçar. Mais do que pães e doces, novas histórias de vida começaram a ser escritas.