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Reitor da PUC-Campinas participa de encontro com Papa Leão XIV durante Jubileu dos Educadores no Vaticano

Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior compôs o grupo de representantes de universidades católicas latino-americanas na Santa Sé

O Reitor da PUC-Campinas e segundo Vice-Presidente da Organização de Universidades Católicas da América Latina e do Caribe (ODUCAL), Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, foi recebido, na sexta-feira (31), pelo Papa Leão XIV no Vaticano. O encontro ocorreu durante o Jubileu do Mundo da Educação e reuniu representantes das mais de cem instituições que compõem a rede universitária católica do continente.

Em seu discurso, o Pontífice destacou a importância da ODUCAL como expressão dos “laços de colaboração e de afeto” entre as universidades católicas, ressaltando que a Organização tem como finalidade “o progresso da educação superior católica e o serviço à sociedade, criando espaços de encontro entre fé e cultura”. Leão XIV reafirmou que a universidade católica “continua sendo um dos melhores instrumentos que a Igreja oferece ao nosso tempo”, citando palavras de São João Paulo II e do Papa Francisco.

O Papa enfatizou que as universidades católicas devem se tornar “itinerários da mente rumo a Deus”, formando pessoas integrais com “inteligências com sentido crítico, corações crentes e cidadãos comprometidos com o bem comum”. “A peregrinação de vocês a Roma é um sinal visível dos laços de colaboração e de afeto que devem caracterizar sua Organização”, disse o Sumo Pontífice.

Carta Apostólica

A audiência com a ODUCAL ocorreu três dias após a publicação da Carta Apostólica “Desenhando Novos Mapas de Esperança”, assinada pelo Pontífice no dia 27 e divulgada em 28 de outubro por ocasião do 60º aniversário da Declaração Gravissimum Educationis, do Concílio Vaticano II. A assinatura aconteceu na Basílica de São Pedro, durante a missa com os estudantes universitários e representantes das universidades pontifícias, que marcou a abertura do Jubileu do Mundo Educativo. No documento, Leão XIV apresenta sua visão sobre os desafios e oportunidades da educação católica no século XXI.

O documento reitera a necessidade da formação integral da pessoa, que não se resume a um algoritmo, e destaca a família como o principal lugar da educação. O Papa alerta contra toda redução da educação a um “treinamento funcional ou instrumento econômico”, afirmando que “uma pessoa não é um ‘perfil de competências’, não se reduz a um algoritmo previsível, mas um rosto, uma história, uma vocação”.

A Carta Apostólica alerta para os riscos de uma cultura educativa centrada apenas na tecnologia e na produtividade, propondo um “humanismo integral” que una conhecimento, ética e fé. “As tecnologias devem servir a pessoa, não substituí-la; devem enriquecer o processo de aprendizagem, não empobrecer as relações e as comunidades”, escreve o Sumo Pontífice.

O Papa conclui inspirando os educadores e todos que constituem a rede educativa da Igreja Católica: “A missão é ser servidores do mundo educativo, coreógrafos da esperança, pesquisadores incansáveis da sabedoria, artífices credíveis de expressões de beleza.”

Leia a íntegra da Carta aqui

Papa Leão XIV recomenda “visão de conjunto”

Na missa do dia 27, na Basílica de São Pedro, Papa Leão XIV, em sua homilia, se dirigiu especificamente a estudantes, docentes e representantes das instituições de ensino, definindo o período de conversão e “passagem” (Páscoa) como um dom necessário para uma vida que está em constante movimento. A grande graça que pode tocar a vida acadêmica, segundo o sumo pontífice, é a “visão de conjunto”, capaz de captar o horizonte e ir além. O Papa alertou que a ignorância e o fechamento intelectual – que fixam o olhar apenas nas próprias ideias – aprisionam o indivíduo, impedindo-o de amadurecer um juízo próprio. O estudo, portanto, deve ser um ato que eleva e amplia as perspectivas, vencendo a preguiça intelectual e a atrofia espiritual, e combatendo a tendência atual de ser “especialista em detalhes infinitesimais” sem a capacidade de unir a realidade através de um significado maior. A cura, que permite a posição vertical perante a vida e o encontro com Cristo, abre o indivíduo a uma verdade que dissipa os fechamentos e oferece esperança.

O Papa instou a comunidade acadêmica a cultivar uma unidade entre o trabalho intelectual e o caminho espiritual para que o ensino e a investigação não sejam exercícios abstratos, mas sim uma realidade que aprofunda a relação com Cristo. Associada a esta busca da verdade, a homilia destacou a tarefa educativa das Universidades como um verdadeiro ato de amor e caridade. “As Universidades Pontifícias devem poder continuar este gesto de Jesus. Trata-se de um verdadeiro ato de amor, porque há uma caridade que passa precisamente pelo alfabeto do estudo, do conhecimento, da busca sincera do que é verdadeiro e por aquilo que vale a pena viver. Saciar a fome de verdade e de sentido é uma tarefa necessária, porque sem verdade e significados autênticos pode-se cair-se no vazio e até morrer”, disse.

Encontro com o Dicastério para a Cultura e a Educação

Durante a estadia em Roma para o Jubileu dos Educadores, o Reitor da PUC-Campinas e demais integrantes da missão participaram de um congresso com palestras e perspectivas sobre os desafios enfrentados por escolas e universidades diante das transformações contínuas e aceleradas da sociedade, com a participação do Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça, que enfatizou também a importância da Carta Apostólica como bússola para a renovação da missão educativa da Igreja no contexto contemporâneo.

“Tenho diante de mim – disse o Prefeito – uma assembleia de semeadores do futuro que abraçam a tarefa da educação com convicção e compromisso, que a veem como uma vocação, um estilo de presença e uma missão apaixonada.” Nestes tempos, que definiu como “desafiadores”, o sistema educacional católico deve responder criativamente aos seus problemas e emergências. Deve, “num mundo dilacerado pela polarização e pelo conflito”, reconstruir a confiança, na crença de que a “educação é o novo nome da paz”. Entre os desafios que o sistema educacional enfrenta, o Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação recordou a crise das relações, a insegurança social e a desigualdade, e as vantagens e os riscos da inteligência artificial.

A participação do Reitor da PUC-Campinas no Jubileu dos Educadores marca um momento significativo para a Universidade e para a educação católica brasileira e latino-americana, reforçando o papel das universidades católicas na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e sustentável.

São John Henry Newman, novo Doutor da Igreja

No sábado, dia 31, o Papa Leão XIV presidiu a celebração da Santa Missa na Praça São Pedro, na qual inscreveu São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja e, ao mesmo tempo, por ocasião do Jubileu do Mundo Educativo, o nomeou co-padroeiro, com Santo Tomás de Aquino, de todos os agentes que participam no processo educativo. Até hoje os Doutores da Igreja são 37, entre os quais 4 mulheres, com São John Newman serão 38.

Em sua homilia o Santo Padre, disse que é fundamental que as comunidades educativas se concentrem em pessoas de “carne e osso,” e não em indivíduos abstratos, valorizando sobretudo aqueles que “parecem não render” segundo os parâmetros de uma economia excludente. A qualidade da educação evangélica depende da resposta dada à questão da dignidade daqueles que nasceram com menos possibilidades. A herança de São John Newman sublinha que cada pessoa possui uma vocação e uma missão única. Portanto, o objetivo final da educação, na perspectiva cristã, é ajudar todos a descobrir a sua vocação à santidade, um chamamento universal delineado pelas Bem-aventuranças.

O Papa Leão apresentou o novo Doutor da Igreja afirmando: “a imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de inspiração para as novas gerações com o coração sedento de infinito, disponíveis a realizar, através da pesquisa e do conhecimento, aquela viagem que, como diziam os antigos, nos faz passar per aspera ad astra, ou seja, através das dificuldades até aos astros”.

Citando o Papa Francisco recordou suas palavras sobre o pessimismo quando afirmava que “devemos trabalhar juntos para libertar a humanidade da escuridão do niilismo que a rodeia e que é, talvez, a doença mais perigosa da cultura contemporânea, pois ameaça ‘anular’ a esperança”. A referência à noite que nos rodeia, disse o Papa, recorda-nos um dos textos mais conhecidos de São John Henry, o hino “Luz terna, suave, leva-me mais longe”.

Inspiração para a missão da Universidade

“Participar do Jubileu dos Educadores foi uma experiência profundamente marcante. A Carta Apostólica ‘Desenhando Novos Mapas de Esperança’ chega em um momento crucial, desafiando-nos a trabalhar em rede e colocando sempre a pessoa humana no centro. As três novas prioridades – o cuidado com a vida interior dos jovens, a formação para um ‘digital humano’ e a educação para a paz – serão pilares que orientarão a PUC-Campinas em sua missão”, disse o Professor Germano.

O Coordenador da Pastoral Universitária da PUC-Campinas, Prof. Dr. Pe. Antônio Douglas de Moraes, também participou da programação do Jubileu dos Educadores.

Educação Católica

Segundo dados do Escritório Central de Estatística da Igreja Católica junto à Santa Sé, as instituições católicas são a maior rede educacional do mundo. Ela compreende mais de 231 mil instituições escolares e universitárias ativas em 171 países. Cerca de 72 milhões de estudantes frequentam escolas e universidades católicas.



Carlos Giacomeli
11 de novembro de 2025