
PUC-Campinas recebe seminário sobre arquivos eclesiásticos e história urbana
Evento contou com a presença de alunos e professores da Universidade, membros da comunidade externa e docentes de outras instituições
A PUC-Campinas recebeu, no último dia 20 de maio, o seminário “Arquivos Eclesiásticos e História Urbana – Território, Ideários e Documentação”. Realizado na sala 800 do prédio H01 do Campus I, localizada na Escola de Linguagem e Comunicação (ELC), o evento, que contou com a presença de um público diversificado, que incluiu alunos e professores da Universidade, membros da comunidade externa e docentes de outras instituições, propôs uma reflexão interdisciplinar sobre os arquivos eclesiásticos como fontes fundamentais para a compreensão da formação urbana e da ocupação territorial.

Realizado na Escola de Linguagem e Comunicação (ELC), o seminário contou com a presença de um público diversificado, que incluiu alunos e professores da Universidade, membros da comunidade externa e docentes de outras instituições.
O encontro, composto por especialistas das áreas de arquitetura e urbanismo, história, teologia e arquivologia procurou compreender os processos de construção territorial, a configuração urbana e a relação entre religião, arquitetura e sociedade, tendo sido discutidas metodologias de pesquisa em acervos eclesiais, gestão e acesso aos arquivos e a geração da produção de conhecimento nas mais diversas áreas.
Para o responsável pela organização do seminário, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, intercambista de doutorado sanduíche com foco em pesquisas em arquivos eclesiásticos na Universidade Europeia de Roma e aluno especial na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Me. Caio Felipe Gomes Violin, a realização de um evento com essa temática é de extrema importância, especialmente quando se é considerada a profunda conexão entre a história urbana e a gênese das comunidades cristãs.
Ele lembra que “nosso programa de Arquitetura e Urbanismo se destaca por uma vasta pesquisa em história urbana e ao estudar o desenvolvimento das cidades, percebemos que suas origens estão intrinsecamente ligadas à formação de comunidades cristãs católicas, que se expandiam de capelas a freguesias. Essas elevações eclesiásticas ocorriam devido à relevância dessas regiões, tornando as igrejas as principais detentoras de uma riquíssima fonte material. Os seus livros de tombo; registros de batismo, casamento e óbito; autos de ereção; e plantas são documentos primários essenciais para a compreensão do passado urbano”.

O Prof. Pe. Paulo José Ferreira Visintainer, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, na Itália, tratou da importância dos documentos eclesiásticos como memória da atuação da Igreja nas cidades, a preservação de registros históricos e a contribuição para a compreensão da formação social e cultural dos territórios urbanos.
Caio continua dizendo que “de fato, grande parte dos trabalhos desenvolvidos pelo nosso ‘Grupo de Pesquisa História das Cidades: Ocupação Territorial e Ideários Urbanos’, coordenado pela Professora Dra. Renata Baesso Pereira, têm início em arquivos eclesiásticos, com destaque para o Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. Essa realidade sublinha a necessidade crucial de se discutir e dialogar sobre a importância dessas fontes primárias para as pesquisas em arquitetura e urbanismo, pois elas oferecem materiais valiosos sobre a evolução das cidades, as suas estruturas sociais e o papel fundamental da Igreja nesse processo”.
Escolha do local
A PUC-Campinas foi a instituição escolhida para sediar o evento, em especial, por conta da colaboração existente entre esta e a Universidade Europeia de Roma, que se concretizou por meio de um programa de doutorado sanduíche, realizado pelo próprio Caio Violin, de setembro de 2024 a fevereiro de 2025, via bolsa obtida através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
“Sempre foi um desejo dos membros do Grupo de Pesquisa discutir e aprofundar a importância dos arquivos eclesiásticos para os estudos de história urbana. Além disso, o evento foi parte do meu compromisso em compartilhar a minha experiência de pesquisa em importantes acervos, como o Arquivo Apostólico Vaticano, o Arquivo Histórico da Secretaria de Estado do Vaticano, o Arquivo da Propaganda Fide e o Arquivo da Penitenciaria Apostólica. A escolha da PUC-Campinas também permitiu trazer pesquisadores renomados sobre o tema para o debate, bem como o responsável pelo Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo”, explica Caio, que ressalta que abrigar o Seminário foi importante para a Instituição por esta ser uma universidade pontifícia, “tendo uma vocação natural e uma responsabilidade em sediar um evento dessa magnitude por possuir uma ligação intrínseca com a Igreja, o que a posiciona de forma privilegiada para fomentar discussões sobre temas que entrelaçam história, religião e urbanismo, especialmente quando se trata de fontes eclesiásticas”.

Jair Mongelli Junior, diretor técnico do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo, falou sobre a organização dos arquivos eclesiásticos brasileiros, políticas de salvaguarda documental, questões de acesso e preservação e o potencial desses acervos para a pesquisa em história urbana e patrimônio.
“Ao abrigar um seminário como este, a PUC-Campinas não só reforça a sua identidade e missão institucional, como também se consolida como um centro de excelência em pesquisa que valoriza a memória e o patrimônio. Isso atrai pesquisadores e estudantes interessados em temas pouco explorados ou que demandam uma abordagem interdisciplinar, como a história urbana a partir de registros eclesiásticos. Além disso, sediar o evento permite à PUC-Campinas fortalecer parcerias estratégicas, como a estabelecida com a Universidade Europeia de Roma através do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Essas colaborações enriquecem o ambiente acadêmico, promovem o intercâmbio de conhecimento e abrem novas portas para futuras pesquisas e projetos. Em suma, é uma oportunidade ímpar para a PUC-Campinas reafirmar o seu compromisso com a pesquisa relevante e a discussão de temas que impactam a compreensão da nossa própria história e formação social”, esclarece o doutorando.
Programação
O Prof. Pe. Paulo José Ferreira Visintainer, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, na Itália, deu início ao rol de palestras com “Os Arquivos da Igreja como Guardiões da Memória: Documentos Eclesiásticos e História Urbana”, que tratou da importância dos documentos eclesiásticos como memória da atuação da Igreja nas cidades, a preservação de registros históricos e a contribuição para a compreensão da formação social e cultural dos territórios urbanos.
Na sequência, Jair Mongelli Junior, diretor técnico do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo e funcionário da Instituição desde 1985, apresentou a palestra “Arquivos Eclesiásticos no Brasil: Estrutura, Salvaguarda e Acesso à Pesquisa”. Foram assuntos da exposição, a organização dos arquivos eclesiásticos brasileiros, políticas de salvaguarda documental, questões de acesso e preservação e o potencial desses acervos para a pesquisa em história urbana e patrimônio.

O doutorando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, Me. Caio Felipe Gomes Violin, palestrou sobre a experiência de pesquisa nos acervos eclesiásticos de Roma e do Vaticano, destacando documentos relevantes para os estudos sobre formação urbana, ocupação territorial e o papel das irmandades religiosas na organização social das cidades.
“Pesquisas nos Arquivos do Vaticano e de Roma: Contribuições para a História Urbana e das Irmandades Religiosas” foi o tema da palestra do doutorando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, intercambista de doutorado sanduíche com foco em pesquisas em arquivos eclesiásticos na Universidade Europeia de Roma e aluno especial na Pontifícia Universidade Gregoriana, localizada na mesma cidade, Me. Caio Felipe Gomes Violin. Ele falou sobre a experiência de pesquisa nos acervos eclesiásticos de Roma e do Vaticano, destacando documentos relevantes para os estudos sobre formação urbana, ocupação territorial e o papel das irmandades religiosas na organização social das cidades.
Após o almoço, a palestra do Prof. Dr. Pe. Paulo Sérgio Lopes, docente pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião e membro do grupo de pesquisa “Religião: Epistemologia e Fenomenologia” da PUC-Campinas, teve como tema a “Teologia e o Território: A Influência dos Ideais Religiosos na Construção das Cidades”, que apresentou as relações entre pensamento teológico e desenvolvimento urbano e analisou como os princípios eclesiais e litúrgicos impactaram a configuração de espaços urbanos e arquitetônicos.
Ministrada pelos professores titulares e pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, Prof. Dr. Dirceu Piccinato Junior e Profa. Dra. Renata Baesso Pereira, que também é coordenadora do Programa, a palestra que encerrou o dia foi “Arquivos Eclesiásticos e Produção do Conhecimento em História das Cidades: Arquitetura, Urbanismo e Cultura Urbana”.
Durante a explanação, foi realizada uma abordagem metodológica e crítica sobre o uso de acervos eclesiásticos em pesquisas acadêmicas voltadas à história das cidades, com foco nos estudos de arquitetura e urbanismo.

Prof. Dr. Pe. Paulo Sérgio Lopes, docente pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Campinas, apresentou as relações entre pensamento teológico e desenvolvimento urbano e analisou como os princípios eclesiais e litúrgicos impactaram a configuração de espaços urbanos e arquitetônicos.
Seleção dos palestrantes
De acordo com Caio, a seleção dos palestrantes e dos temas discutidos no evento foi pautada pela busca de autoridades eclesiásticas, pesquisadores renomados na área e por responsáveis por acervos eclesiásticos.
“Buscamos trazer especialistas que pudessem oferecer perspectivas diversas e aprofundadas sobre a relação entre arquivos eclesiásticos e a história urbana. Os convites à Dom Antônio Emídio Vilar, arcebispo de São José do Rio Preto, e à Dom Carlos Lema, bispo-auxiliar de São Paulo e membro da Comissão de Educação e Cultura do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi crucial. Eles, gentilmente, atenderam ao nosso convite, indicando o Prof. Dr. Padre Paulo José Ferreira Visintainer. Sua experiência de doze anos em Roma e o doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana o qualificaram como uma voz de grande peso para o tema”, explica o responsável pelo Seminário.
Sobre a participação de Jair Mongelli Júnior, o doutorando comenta que esta foi fundamental devido à sua expertise na organização e preservação da memória eclesiástica. “Como diretor técnico do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo e colaborador do Setor de Bens Culturais da Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele possui um conhecimento prático e abrangente. Sua dedicação à disseminação do conhecimento arquivístico, com mais de uma centena de palestras ministradas e assessoria a cursos sobre organização de arquivos paroquiais, reforçou ainda mais a importância de sua presença”, esclarece.

Ministrada pelos professores titulares e pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, Prof. Dr. Dirceu Piccinato Junior e Profa. Dra. Renata Baesso Pereira, que também é coordenadora do Programa, a palestra que encerrou o dia foi “Arquivos Eclesiásticos e Produção do Conhecimento em História das Cidades: Arquitetura, Urbanismo e Cultura Urbana”.
Em relação ao padre Paulo Sérgio Lopes, Caio diz que ele foi convidado por seu dedicado trabalho como docente pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Campinas e membro ativo do grupo de pesquisa “Religião: Epistemologia e Fenomenologia”, com importantes pesquisas na área da teologia. “Sua contribuição traz uma perspectiva acadêmica valiosa sobre a religião e a sua interface com a história”, ressalta.
“Por fim, a minha participação, da Profa. Dra. Renata Baesso Pereira e do Prof. Dr. Dirceu Piccinato Junior foram essenciais para demonstrar a relevância das pesquisas nos arquivos eclesiásticos para a compreensão da história urbana, conectando a teoria à prática de investigações atuais”, explana Caio.
Ele conclui que as expectativas para a realização do evento foram “plenamente atendidas”, sendo o seminário “um verdadeiro sucesso, tanto em termos de participação quanto em relação a qualidade das discussões, pois conseguimos reunir um público engajado e palestrantes de alto nível, o que permitiu um debate aprofundado sobre a importância dos arquivos eclesiásticos para a história urbana. A troca de conhecimentos e a valorização dessas fontes primárias foram muito satisfatórias”.