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PUC-Campinas recebe o 53º COBENGE, maior congresso de educação em engenharia do Brasil

Evento reuniu professores, estudantes, egressos e empresários para debater inovações e melhorias no ensino de engenharia e tecnologia

A PUC-Campinas sediou, entre os dias 15 e 18 de setembro de 2025, do 53º Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE) e do VIII Simpósio Internacional de Educação em Engenharia, organizados pela Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE). O encontro reuniu especialistas, pesquisadores, gestores e profissionais para discutir os rumos da formação em Engenharia e Tecnologia no Brasil.

Com uma programação que incluiu fóruns, plenárias técnicas, sessões temáticas e pôsteres, o COBENGE 2025 trouxe como proposta debater mudanças significativas na qualidade do ensino de graduação e pós-graduação, além de contribuir para a formação de profissionais mais qualificados e preparados para levar inovação e desenvolvimento a todas as regiões do país. Ao todo, foram 850 congressistas, cerca de 500 trabalhos apresentados e 14 sessões dirigidas com mais de 60 artigos aprovados. Em paralelo ocorreu também a Semana Integrada da POLI com os alunos das Engenharias participando ativamente das sessões técnicas do evento.

Participaram da programação professores, estudantes, egressos e empresários, reforçando a integração entre academia e mercado de trabalho. As atividades aconteceram no Auditório do Campus I da PUC-Campinas, além de outros espaços do campus, preparados para receber o grande número de participantes.

Para o Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David, Vice-Reitor da Universidade, o COBENGE conecta missão universitária e responsabilidade social. “Debater o ensino da Engenharia é extremamente importante para a PUC-Campinas. O congresso traz temas fundamentais como sustentabilidade, mudanças climáticas e o cuidado com a Casa Comum, tão caro ao Papa Francisco. É uma satisfação colaborar com a ABENGE e acolher um encontro de tanta relevância para o país”, afirmou o Vice-Reitor.

Segundo Adriana Tonini, Presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE), “realizar o COBENGE em uma instituição bem estruturada como a PUC-Campinas permite atender de forma ampla docentes, coordenadores de curso, alunos e engenheiros. Estamos vivendo uma transformação nos currículos da engenharia, com a necessidade de pensar em metodologias voltadas à geração Z, que já é nativa digital. O congresso é o espaço para discutir novas propostas de aprendizagem ativa, extensão nos currículos e a formação do engenheiro do século 21”.

A programação repleta de debates contou com nomes importantes do ensino no da engenharia no Brasil, que compartilharam suas visões do momento vivido pela profissão.

Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, Diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (DRCT)/FINEP), reforçou a importância das engenharias no processo de desenvolvimento do país. “As engenharias passam por uma verdadeira revolução. Nós estamos com avanços tecnológicos extremamente importantes: a incorporação de inteligência artificial, de tecnologias quânticas, todo um novo universo, seja na área de computação, na área de sensores, detectores. Então, nós passamos agora a fazer uma engenharia que já está na escala nanométrica. Um congresso que se dedica, justamente, a olhar com atenção para a questão do ensino das engenharias, para tentar adaptar os nossos cursos a todas essas novidades, é da maior importância”, disse. “O desenvolvimento econômico e sustentável do nosso país, que tenha atenção para a parte social e para a questão ambiental, é da maior importância. E isso só vai ser feito se nós tivermos muita ciência, muita tecnologia e muita inovação. E as engenharias têm um papel fundamental nisso”, completa.

Para Alexandre Louzada de Aquino, Vice-Presidente de Economia Circular para América do Sul da Stellantis, a troca entre especialistas e estudantes é fundamental. “É um momento muito rico de troca entre as pessoas que estão no palco, apresentando iniciativas e propondo discussões, e as pessoas que estão participando como ouvintes, para que elas possam nos trazer também dúvidas, uma vez que são pessoas dentro das universidades que formarão opinião em um futuro próximo”


Já segundo Pedro Wongtschowski, Presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da FIESP, é preciso que o engenheiro tenha competências fora de sua área técnica de atuação. “O desenvolvimento do Brasil depende de muitos fatores, e um deles é a disponibilidade e a existência do conhecimento que os engenheiros trazem para a economia brasileira. Então, esse tipo de discussão sobre o ensino de engenharia é essencial, visando, primeiro, melhorar sempre a qualidade dos engenheiros formados e, segundo, torná-los vetores de mudança, de transformação e de inovação”, disse. “O engenheiro hoje, além da competência técnica, precisa ter capacidade de empreender, trabalhar em equipe com outras áreas de conhecimento e ter sensibilidade social”, completou.

Também palestrante do evento, Osmar Barros Júnior, conselheiro federal do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), afirmou que o congresso é uma oportunidade de aprimorar a formação profissional. “Apesar de termos missões diferentes, o objetivo final é o mesmo, que é sempre a melhor formação possível para os nossos estudantes. O Confea apoia e participa ativamente, e aqui viemos discutir, por exemplo, a possibilidade de um exame de proficiência para engenheiros, nos moldes da OAB. O objetivo é sempre melhorar a qualidade da formação”, destacou.

Marcos Vinicius Pó, diretor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas Universidade Federal do ABC, ressaltou o papel do COBENGE como espaço de troca de experiências.

“O ensino da engenharia tem uma importância fundamental para o Brasil. Temos visto uma procura menor por esses cursos nos últimos anos, e eventos como este permitem conhecer o que está dando certo, o que não está, e pensar em novas formas de tornar os cursos mais atrativos. É mais um ponto de partida do que de conclusões”, afirmou.

O debate também ganhou relevância diante do cenário de queda no interesse dos jovens pela área, como lembrou Anderson Ribeiro Correia, presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

“Temos visto um desinteresse crescente dos jovens pela engenharia, enquanto as empresas estão desesperadas para contratar profissionais. É preciso estimular a formação técnica e superior no país. Esse congresso vem em boa hora para refletirmos sobre como renovar os cursos e motivar a sociedade brasileira a olhar para a engenharia como caminho de futuro”, reforçou.

Outro tema em destaque foi a regulação da modalidade a distância na formação em engenharia. Para Mauro Luiz Rabelo, conselheiro do Conselho Nacional de Educação (CNE), o novo marco regulatório do MEC traz impactos diretos para o setor.

“O decreto mais recente estabeleceu parâmetros diferentes para a oferta de disciplinas remotas, criando a modalidade semipresencial e proibindo a engenharia 100% em EAD. Isso exige reflexão e planejamento. Este evento ocorre em um momento disruptivo, no qual precisamos discutir os encaminhamentos para garantir engenheiros bem formados e preparados para os desafios do Brasil”, explicou.

Na avaliação do Prof. Me. Sérgio Roberto Pereira, Decano da Escola Politécnica da PUC-Campinas, o sucesso da realização se reflete na ampla participação e no intercâmbio de experiências. “Há um ano estamos preparando este evento, e é uma honra receber tantas pessoas importantes da área de Engenharia. Cada edição do COBENGE é uma oportunidade de troca: aprendemos com outras escolas e mostramos o que fazemos aqui. Tenho certeza de que os participantes estão aproveitando a estadia e conhecendo a competência da nossa casa”, destacou.



Carlos Giacomeli
19 de setembro de 2025