
PUC-Campinas busca soluções para mitigar o calor urbano com “Projeto Resfria”
Estudo está sendo desenvolvido pelo PPG de Sistemas de Infraestrutura Urbana, em parceria com a cidade de Jundiaí, com apoio internacional e financiamento da FAPESP
Com o objetivo de enfrentar os impactos das mudanças climáticas e tornar as cidades mais habitáveis, a PUC-Campinas iniciou, em agosto de 2024, o projeto “Estratégias de Resfriamento Urbano para o Aumento da Habitabilidade em Cidades: Estudo de Caso em Jundiaí, SP”, mais conhecido como Projeto Resfria. A iniciativa é coordenada pela Profa. Dra. Cláudia Cotrim Pezzuto, vinculada ao Programa de Pós-Graduação (PPG) em Sistemas de Infraestrutura Urbana da PUC-Campinas, e conta com o apoio da FAPESP, por meio do edital do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP), e da Prefeitura de Jundiaí, que tem como gestor público responsável o pesquisador Dr. Guilherme Theodoro Nascimento Pereira de Lima, membro do projeto e diretor de Meio Ambiente da UGPUMA.
Com duração prevista de três anos, o projeto tem como foco a cidade de Jundiaí. A iniciativa busca compreender as alterações climáticas locais, mapear a vulnerabilidade da população ao calor extremo e desenvolver estratégias de resfriamento urbano que possam subsidiar políticas públicas mais eficazes.
A parceria entre a PUC-Campinas e a Prefeitura Municipal de Jundiaí foi oficializada por meio de um acordo de cooperação técnica firmado em 17 de junho de 2024, conforme publicado no Diário Oficial do município (edição 5476). A partir dessa parceria, a Universidade pôde implementar o projeto na cidade.
O Projeto RESFRIA pretende atuar tanto em Políticas Públicas em Execução (PEX) quanto em Políticas Públicas em Construção (PCO). Estão sendo avaliadas quatro PEX em Jundiaí: Plano de Bairro, Programa Hortas Públicas, Programa Pé de Árvore e Programa Jardim de Chuva. Já a PCO se refere à construção de diretrizes específicas para o enfrentamento das mudanças climáticas.
O diferencial da iniciativa é justamente a articulação entre ciência e gestão pública. A proposta é que os avanços científicos se traduzam em diretrizes práticas para melhorar os programas existentes e embasar novas políticas, promovendo, inclusive, sua incorporação ao Plano Plurianual (PPA) do município.
“O Projeto Resfria é importante para ajudar no desenvolvimento de políticas públicas com dados reais que estão sendo já coletados. Nós já instalamos os primeiros 15 sensores e isso irá ajudar a melhorarmos as políticas públicas que estão sendo feitas no município, especialmente as políticas relacionadas aos planos de bairro, principalmente as de enfrentamento às mudanças climáticas”, afirmou o pesquisador Dr. Guilherme Theodoro Nascimento Pereira de Lima.
Observação e monitoramento climático
Neste momento, o projeto está na fase observacional, com foco na coleta e análise de dados climáticos urbanos. Já foram instalados 15 sensores de temperatura e umidade relativa do ar, de um total de 30 previstos, em pontos estratégicos da cidade. O objetivo é entender a magnitude e as características da ilha de calor urbana e oferecer insumos científicos para decisões públicas mais assertivas.
Também estão sendo sistematizadas informações fornecidas por bases públicas e pela própria prefeitura, com foco na elaboração de indicadores físicos que possam auxiliar no planejamento urbano e na formulação de estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas.
“Nós participamos de reuniões com o poder público e estamos fazendo um diagnóstico da cidade sobre vários aspectos. Nessa etapa nós estamos trabalhando ações relacionadas à observação do clima urbano na cidade e compilando informações disponíveis pela prefeitura”, reforça a professora Dra. Cláudia Cotrim Pezzuto.
Apoio e financiamento
O projeto utiliza recursos da FAPESP para a compra de equipamentos, deslocamento de pesquisadores para visitas técnicas, intercâmbio com instituições internacionais, e concessão de bolsas. Estão previstas: bolsa de pós-doutorado (já em andamento); bolsas de mestrado e bolsas técnicas para apoio ao projeto.
O Projeto RESFRIA é um exemplo de como a ciência pode orientar políticas públicas concretas, com base em dados e análises técnicas, para tornar as cidades mais resilientes e sustentáveis frente às mudanças climáticas.
Equipe multidisciplinar e internacional
Além da coordenação da professora Dra. Cláudia Pezzuto, integram a equipe da PUC-Campinas os professores a Dra. Lia Toledo Moreira Mota, coordenadora do PPG; o Dr. Marcius Fabius Henriques de Carvalho e todos membros do Grupo de Eficiência Energética da universidade. A pesquisa também conta com alunos de mestrado e de Iniciação Científica orientados pelos docentes, pesquisadores do projeto, e docentes do POSINFRA, além do pesquisador de pós-doutorado Dr. Paulo Rodrigo Zanin, supervisionado pela Profa. Dra. Cláudia Pezzuto e bolsista da FAPESP do projeto.
Na esfera internacional, colaboram pesquisadoras dos institutos INAHE – CONICET (Argentina), com Dra. Noelia Liliana Alchapar, Dra. Erica Norma Correa e Dra. Ayelén María Villalba, e do Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja/IETcc (Espanha), com Dra. Gloria Pérez Álvarez-Quiñones e Dr. Fernando Martín-Consuegra. Pela prefeitura de Jundiaí, a Msc. Sylvia Barbosa Angelini integra a equipe técnica do projeto.
“O trabalho com a PUC-Campinas tem sido muito gratificante e temos aprendido muito com esse olhar diferenciado. Quando desenvolvemos uma política pública, nem sempre conseguimos ter esse olhar mais técnico, acadêmico, científico. Então, tem sido muito produtivo e muito interessante. Todas as unidades de gestão estão bastante animadas dessa possibilidade de ter um suporte, como o da PUC-Campinas, para desenvolver essas políticas públicas e ajudar a gente a avançar no conhecimento técnico”, ressalta o pesquisador Dr. Guilherme Theodoro Nascimento Pereira de Lima.
Workshop em junho
A PUC-Campinas irá realizar, entre os dias 2 e 6 de junho, um workshop sobre o Projeto Resfria. Em breve a universidade divulgará os meios de inscrição para participar!