
Primeira formatura da Academia Social na PUC-Campinas celebra marco na capacitação de agentes sociais
Projeto visa fortalecer o ecossistema social de Campinas
A Fundação FEAC, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e o Grupo de Estudos e Práticas Permanentes em Educação Social (GEPPES), celebrou, na última sexta-feira (13), a primeira formatura de cursos do projeto Academia Social. A solenidade, realizada no espaço Manacás, no Campus I da Universidade, marcou a conclusão da jornada para a primeira turma de agentes sociais capacitados por essa iniciativa, reafirmando o compromisso com o fortalecimento do ecossistema social de Campinas.
A Academia Social surgiu da união de esforços das três instituições para criar uma plataforma estruturada de capacitação, difusão de conhecimentos e metodologias do e para o setor social, promoção da profissão da educação popular e social e ampliação do reconhecimento sobre o campo, ambos visando tanto qualificar profissionais que já atuam ou desejam atuar no setor social, como agentes, organizações, redes e apoiadores públicos ou privados de processo de inovação social. O objetivo é aprofundar conhecimentos, aprimorar práticas e, assim, impulsionar a inclusão social e a redução das vulnerabilidades. A cerimônia de certificação foi um momento de reconhecimento pelo empenho dos formandos e de celebração do impacto positivo que a formação promete gerar na sociedade. Além dos formandos, estiveram presentes Pró-Reitores e docentes da PUC-Campinas, representantes da Fundação FEAC e do GEPPES.
O Prof. Dr. Everton Silveira, responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano Integral – Levanta-te e Anda (PDHI:LA) e supervisor da Academia Social pela PUC-Campinas, destacou esta iniciativa como inovação social e o significado do projeto. “Trata-se de um projeto profundamente inovador, tanto para a Universidade quanto para a sociedade campineira. A Academia Social representa um marco importante: é a materialização de um sonho coletivo da PUC-Campinas e dos parceiros envolvidos – Fundação FEAC e GEPPES – que acreditaram na potência da formação como instrumento de transformação social. A iniciativa mobiliza o conhecimento acadêmico, o engajamento docente e o saber técnico para construir, de forma colaborativa, novas alternativas de qualificação profissional e de produção de conhecimento voltadas ao fortalecimento do ecossistema social de Campinas. A Academia inaugura uma lógica formativa distinta, baseada no diálogo, na participação e na coautoria, rompendo com modelos tradicionais de ensino e apostando numa formação comprometida com a justiça social, a inclusão e os direitos humanos”, disse.
O Professor enfatizou que o projeto “nasce de uma interação profunda com a comunidade, porque ele reconhece a comunidade como um locus de origem, de gênese do conhecimento. Essa iniciativa celebra a união de saberes diferentes que interagem. E isso, para o ecossistema social de Campinas, é algo novo, especial, que tem que ser fomentado e tem que ser majorado. Iniciativas como esta reconhecem o conhecimento da comunidade, sem deixar de valorizar e considerar a importância do valor e do conhecimento científico da produção acadêmica que a Universidade faz”, concluiu.
O Pró-Reitor de Educação Continuada da PUC-Campinas, Prof. Dr. Rogério Eduardo Rodrigues Bazi, salientou a essência transformadora dos cursos. “Os cursos da Academia Social têm essa vocação de proporcionar às pessoas uma transformação social, de provocar uma inclusão no meio em que elas vivem proporcionando positivamente a inclusão e mudando, positivamente, a sociedade de Campinas e região”, declarou. Ele acrescentou que “a União das Instituições demonstra que estamos no caminho certo para promover sempre a formação continuada dessas pessoas. É um projeto muito lindo, estamos muito felizes em poder contribuir com tudo isso que está acontecendo na Universidade, em uma semente que plantamos em 2024 e que agora a gente colhe os frutos dessas pessoas que estão se formando hoje”.

Na foto (da esquerda para a direita), o Pró-Reitor de Educação Continuada da PUC-Campinas, Prof. Dr. Rogério Eduardo Rodrigues Bazi; a Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, Alessandra Borin Nogueira; o Diretor Executivo da Fundação FEAC, José Roberto Dalben; o educador social e cofundador do GEPPES, Paulo Silva; e o responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano Integral – Levanta-te e Anda (PDHI:LA) e supervisor da Academia Social pela PUC-Campinas; Prof. Dr. Everton Silveira.
A Profa. Dra. Camilla Massaro, Coordenadora do Projeto pela PUC-Campinas, detalhou a metodologia de construção dos conhecimentos. Ela explicou que a Academia Social adota uma “perspectiva dialógica e horizontal, que mescla o conhecimento acadêmico com o conhecimento da prática”, vindo diretamente dos trabalhadores da rede e do ecossistema social de Campinas. “A construção dos cursos alinha as propostas, as temáticas, com a expertise de cada uma dessas áreas, para montar um curso que contribua, de fato, para o fortalecimento e para o desenvolvimento desse ecossistema social”, disse. A professora considera a parceria “bastante inovadora, principalmente por essa junção de instituições que atuam em lugares diferentes da sociedade. A gente tem a expectativa de que esse projeto traga bastante inovação, novas formas de se pensar e atuar no ecossistema social”, completou.
Pela Fundação FEAC, o Diretor Executivo José Roberto Dalben reforçou a relevância da Academia Social para a instituição e para a cidade. “Acho que esse é um projeto fundamental e essencial para a cidade de Campinas e para a FEAC”, afirmou Dalben. Ele ressaltou que a iniciativa está “muito alinhado com a missão da Fundação de redução de vulnerabilidade através do fortalecimento de organizações da sociedade civil e do desenvolvimento de pessoas. A capacitação para atuar nesse mercado, nessa área de redução de vulnerabilidade de OSCIs, é fundamental”. Celebrando a parceria, Dalben acrescentou: “Essa é mais uma parceria entre Fundação FEAC e PUC-Campinas, acreditando que a formação e a boa formação dos profissionais vão ajudar na nossa missão de redução da vulnerabilidade social na cidade de Campinas. É mais um projeto essencial que faz parte de uma estratégia maravilhosa da Fundação e da Universidade de estarem juntas resolvendo problemas da sociedade”, disse.
Gabrieli Reis, Analista de Projetos da Fundação FEAC, detalhou a estrutura e os objetivos da Academia. “A Academia Social é uma parceria estratégica entre a Fundação FEAC, a PUC-Campinas e o GEPPES que nasceu justamente para poder apoiar as organizações e os profissionais que desejam atuar ou que já atuam dentro do setor social, oferecendo formações, materiais e produtos de conhecimento de qualidade, além de oportunidades de atuação”, explicou. “Dentro de cada um dos três eixos estruturais da academia, temos diversos temas que serão trabalhados, e esperamos que esses cursos que vão ser oferecidos ao longo da academia acabem em produtos de conhecimento também, para que a gente publique e devolva para o acesso da sociedade e dos que queiram se qualificar e potencializar a sua atuação”, disse.
Impactos e relatos: estudantes e suas experiências
Os formandos compartilharam suas experiências e o impacto da formação. Punka, rapper e estudante do curso de Educação Social, que utiliza o hip hop como ferramenta educativa, buscou no curso um aprimoramento. “O hip hop é uma grande ferramenta de educação que já está muito presente na vida das crianças, dos adolescentes”, disse. Ela, que já era oficineira, queria adicionar um olhar cauteloso ao seu público, oferecendo abordagens mais educativas. Para ela, a experiência foi transformadora e ela pretende levar adiante o que aprendeu: “Além da paciência, vou levar uma visão mais empática, uma mente mais aberta para outras formas de educar, a escuta, entender que está tudo interligado. O curso trouxe um amadurecimento mesmo, mais profissionalismo para a minha carreira, com certeza”. Punka ainda apresentou, ao final do evento, uma poesia baseada no curso, como forma de homenagem aos professores e alunos, sobre o conceito de educação social.

Para o Prof. Dr. Everton Silveira (de pé), responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano Integral – Levanta-te e Anda (PDHI:LA) e supervisor da Academia Social pela PUC-Campinas, a formatura é a “materialização de um sonho coletivo da PUC-Campinas e dos parceiros envolvidos – Fundação FEAC e GEPPES – que acreditaram na potência da formação como instrumento de transformação social”.
Maria da Solidade Duarte Costa, assistente social da área da educação, encontrou na Academia Social uma oportunidade de expandir seus conhecimentos. “Quando eu recebi o convite para participar do curso, pensei como um desafio, porque fazia muito tempo que eu não voltava para a faculdade”, lembrou. Mas viu também “uma oportunidade de acrescentar mais no meu aprendizado, nos meus conhecimentos, na prática profissional”, especialmente sobre o educador social, área que tinha menos conhecimento. A estudante descreveu a experiência como enriquecedora. “O mais significativo foi conhecer os colegas que fizeram a formação comigo, conhecer o Professor Everton. Essa troca acrescentou muito no meu conhecimento, para além daquilo que é do meu dia a dia, além de conhecer novas experiências e motivações. Acredito muito na questão da educação social, da educação popular. Quando você consegue estar em espaço de diálogo, de troca, você ensina e você aprende”, destacou.
Originário do Haiti e radicado no Brasil desde 2011, Mackendy Pierre, estudante da Academia Social, já era formado em Pedagogia e está finalizando o curso de Sociologia. Ele viu na Academia Social a oportunidade de aprimorar sua atuação, especialmente com crianças. “As crianças precisam ser amadas, cuidadas. É um direito que elas têm de brincar, de se divertir. E os educadores estão presentes para promover esse caminho, para saber como lidar em relação ao que está acontecendo na sociedade, porque hoje são crianças, mas daqui a 2, 3, 5 anos, 20 anos vão ser adultos”, disse. Ele valorizou o aprendizado: “Quando estamos estudando, aprendendo, acabamos adquirindo outros conhecimentos que abrem nossos horizontes. O curso foi muito bom, aprendi muito, e está me ajudando bastante a aperfeiçoar o meu trabalho, o dia a dia”.
Leonor Elisângela Oliveira da Silva, que chegou à Academia Social após participar de outro curso e já atuava voluntariamente como agente educadora social na região Noroeste de Campinas, sentiu sua prática validada e fortalecida. Leonor participa ativamente de coletivos como Flores do Bassoli, que busca implantar a cultura da paz em um bairro violento, fortalecendo vínculos e autoestima; Florescer, ligado ao Crame, com foco em mulheres vítimas de violência, e o movimento Rosalina, de mulheres pretas, além de participar de intersetoriais para acolher demandas e fazer pontes com equipamentos sociais. Sua atuação voluntária é intensa, e o curso foi essencial. “O curso me reforçou mais a certeza de que eu quero fazer o que eu estou fazendo”, declarou. Ela ressaltou ter adquirido “a técnica de como abordar, de como atuar”, especialmente considerando sua região de atuação. Leonor concluiu com a sensação de crescimento: “Hoje, eu acredito que profissionalmente, com certeza, sou bem melhor e pessoal do que quando entrei”.
Iraci Aparecida Barbosa Ventura, estudante de Educação Social que trabalha em abrigos com pessoas em situação de rua, classificou o curso como fundamental. “Achei ótimo, fantástico. Vai agregar muito no meu trabalho”, disse. No abrigo, ela atua há dois anos. “O foco é dar o cuidado que as pessoas em situação de rua não têm”. Entre os aprendizados marcantes do curso, Iraci destacou: “Olhar a pessoa, se colocar no lugar do próximo, olhar a pessoa não como um morador de rua, mas assim como uma pessoa humana”. De tão bom que achou, Iraci brincou que “queria fazer de novo”. Para ela, a experiência foi muito positiva. “Com certeza está indicado, aprovado, os professores são excelentes”, disse Iraci.
A formatura da primeira turma da Academia Social representa um passo concreto na qualificação de profissionais dedicados ao setor social em Campinas, evidenciando o sucesso da parceria entre a Fundação FEAC, a PUC-Campinas e o GEPPES na promoção do desenvolvimento humano integral e na construção de uma sociedade mais solidária e justa.