
Memória: livro publicado na PUC-Campinas sobre Índice do Desenvolvimento Humano Integral foi entregue ao Papa Francisco
Material surgiu de proposta do Monsenhor Bruno Marie Duffé, Secretário do Dicastério em 2017, sobre a produção de um indicador social à luz da Doutrina Social da Igreja
No dia 23 de outubro de 2017, o Monsenhor Bruno Marie Duffé, à época Secretário do Dicastério para o serviço do Desenvolvimento Humano Integral, esteve na PUC-Campinas, na abertura do Colóquio sobre a Cultura da Paz. Ele fez uma proposta para que a Universidade produzisse um indicador social à luz da Doutrina Social da Igreja. E essa construção resultou em um livro, entregue ao Papa Francisco pelo Arcebispo Metropolitano de Campinas e Grão-Chanceler da PUC-Campinas, Dom João Inácio Müller.
Segundo o Prof. Pe. José Antonio Boareto, membro do Observatório PUC-Campinas e docente da Faculdade de Teologia da Universidade, na ocasião da proposta, em 2017, o desafio foi prontamente levado à frente. “Este desafio foi colocado a nós pela Reitoria, e, então, foi elaborado um artigo denominado IDHI – Índice de Desenvolvimento Humano Integral, que se traduziu em um novo indicador social à luz da Doutrina Social da Igreja. Primeiramente, foi produzido um artigo trazendo a elaboração de uma ‘Teoria do Desenvolvimento Humano Integral’, pois na construção de indicadores sociais colocam-se dois desafios: O desenvolvimento da teoria social e os problemas que decorrem da conceitualização e da mensuração”, explicou Boareto. “Segundo, Paulo de Martino Jannuzzi, Professor e Coordenador Geral da Escola Nacional de de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), é pertinente reconhecer que ‘(…) Em uma perspectiva programática, o indicador social é um instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas” (PAHAROS et alii, 2013). E no caso específico, por tratar-se de um indicador à luz da Doutrina Social da Igreja considerou-se o nexo existente entre evangelização e promoção humana”, completou o padre e docente da Universidade.
A “Teoria do Desenvolvimento Humano Integral” tem como fundamentação os princípios da Doutrina Social (o personalismo, a solidariedade e o bem comum). Desse modo, garantir a dignidade pessoal é também garantir a dignidade social. E isso ocorre quando a caridade social ou caridade política atuam sobre as relações humanas e sociais por meio da solidariedade, através de ações de justiça social. Esta “Teoria” baseia-se primeiramente na Encíclica Social “Populorum Progressio” (1967), da qual se extraíram as definições para as dimensões ou diferentes formas de interpretação operacional do conceito.
A partir da Encíclica, portanto, são consideradas três dimensões a inferir no processo operacional do indicador: o dever de solidariedade, o dever de justiça social e o dever de caridade universal. “Na perspectiva da ‘Populorum Progressio’ consideramos que São Paulo VI propôs com a sua reflexão um projeto ético de relações internacionais a partir do desenvolvimento compreendido como solidariedade”, afirma o Prof. Pe. Boareto. “O processo de elaborar os fundamentos teóricos e a construção metodológica do indicador deu-se por meio de discussões recorrentes junto ao Observatório PUC-Campinas – hoje coordenado pelo Prof. Paulo Ricardo Da Silva Oliveira. A avaliação da Reitoria foi fundamental para conseguirmos avançar na perspectiva do que se poderia conceber como um Índice do Desenvolvimento Humano Integral (IDHI) considerando a perspectiva da ecologia integral, isto é, uma quarta dimensão, denominada de ecologia ambiental”, completa ele.
As análises feitas pelo Observatório PUC-Campinas resultaram na publicação de um livro. A obra é intitulada ‘Índice de Desenvolvimento Humano (IDHI): Fundamentos Teóricos e Construção Metodológica’. O Arcebispo Metropolitano de Campinas e Grão-Chanceler da Universidade, Dom João Inácio Muller, entregou uma cópia ao Papa Francisco, no dia 29 de setembro de 2022.
Sobre o índice
Segundo o Prof. Pe José Antonio Boareto, “é importante ressaltar que o IDHI é um indicador social construído para mensurar a solidariedade entre os países utilizando-se uma metodologia própria de indicadores de desenvolvimento, por meio de uma métrica que favoreceu a produção de um número. A partir dos dados, e considerando o panorama das desigualdades econômica, social e ambiental mundial, o indicador facilitou avaliar o desempenho dos países nas dimensões da solidariedade universal, justiça social, caridade universal e ecologia ambiental e consequentemente avaliar o desempenho dos países no Índice do Desenvolvimento Humano Integral (IDHI).
Ainda segundo o professor e padre, “o IDHI (Índice do Desenvolvimento Humano Integral), apresenta-se como um indicador pertinente, pois ‘a realidade é maior que a ideia’. E, portanto, por meio desses dados, à luz da Doutrina Social da Igreja, podemos oferecer pistas de ações que favoreçam grandes percursos de diálogo com a Comunidade Internacional, Nacional e Local, acerca da questão socioambiental, implicando diretamente o Desenvolvimento Humano Integral dos povos e de toda criação”. Ele ainda acrescenta que os estudos continuam. “Hoje estamos na produção do IDHI-C (Índice do Desenvolvimento Humano Integral Comunidade) considerando a exigência do percurso de diálogo local, em prol do desenvolvimento humano integral e também a realidade da nação e ou nações em caráter regional. Atualmente, o IDHI é conhecido como IDHI-G, a partícula G foi acrescentada para reforçar que a sua perspectiva de análise é global”.
Índice de desenvolvimento humano (IDHI): fundamentos teóricos e construção metodológica
O livro, publicado em 2022 pela editora Splendet da PUC-Campinas, é fruto do trabalho em equipe do Observatório PUC-Campinas. Atualmente, a equipe está na produção da fundamentação teórica para a produção do indicador social IDHI–C (Índice do Desenvolvimento Humano Integral Comunidade), o qual, futuramente, poderá ser adicionado ao estudo inicial.