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Manacás recebe o seminário “Envelhecer no Lugar na Década do Envelhecimento Saudável”

O objetivo do evento foi discutir o envelhecimento sem a necessidade de cuidados institucionais

A Sala Multipráticas do Espaço Manacás recebeu, no último dia 26 de março, o seminário “Envelhecer no Lugar na Década do Envelhecimento Saudável”. O objetivo do evento, promovido pelo Vitalità – Centro de Envelhecimento e Longevidade da PUC-Campinas em parceria com o Programa de Pós-Graduação (PPG) em Arquitetura e Urbanismo da Universidade, foi sensibilizar os presentes e discutir os diversos aspectos do conceito de “envelhecer no lugar”, que significa continuar a viver na própria casa e comunidade à medida que se envelhece, mantendo a independência e a qualidade de vida e evitando a necessidade de cuidados institucionais. Cerca de 75 pessoas participaram das atividades oferecidas.

A programação contou com a realização de três palestras e uma oficina. Os trabalhos foram abertos com uma apresentação das professoras Dra. Mariana Reis Santimaria, responsável pelo Vitalità; Dra. Patrícia Rodrigues Samora, do Grupo de Pesquisa Políticas Territoriais e a Água no Meio Urbano, do PPG em Arquitetura e Urbanismo; Dra. Ana Paula Pedro Giardini Trevisan, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; e Dra. Renata Baesso Pereira, coordenadora do PPG em Arquitetura e Urbanismo. As quatro destacaram a importância do tema e trataram sobre o evento como um todo, incluindo o seu planejamento.

Abriram os trabalhos do seminário (da esq. para à dir.), as professoras Dra. Mariana Reis Santimaria, responsável pelo Vitalità; Dra. Patrícia Rodrigues Samora, do Grupo de Pesquisa Políticas Territoriais e a Água no Meio Urbano, do PPG em Arquitetura e Urbanismo; Dra. Ana Paula Pedro Giardini Trevisan, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; e Dra. Renata Baesso Pereira, coordenadora do PPG em Arquitetura e Urbanismo.

Em seguida, foi a vez da representante da Coordenadoria de Assistência Social (CAS) da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, Elaine Moura, falar sobre os aspectos sociais relacionados ao envelhecimento em situação de vulnerabilidade e o papel do estado na proteção e garantia de direitos à medida que as pessoas envelhecem. Dentro deste contexto, ela fez uma apresentação do programa Vida Longa, uma ação conjunta entre a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, articulada com os municípios paulistas interessados.

A ideia do Vida Longa é implantar um equipamento comunitário de moradia assistida e gratuita visando a oferta de serviço socioassistencial de acolhimento em repúblicas, voltado a pessoas idosas (com sessenta anos ou mais) sozinhas ou com vínculos familiares fragilizados, independentes para as atividades da vida diária, em situação de vulnerabilidade e risco social, com renda mensal de até dois salários mínimos.

A palestra subsequente foi “Envelhecer no Lugar e Bem-Estar Subjetivo na Velhice”. Ministrada pela Profa. Dra. Samila Sathler Tavares Batistoni, do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A exposição tratou dos aspectos emocionais associados ao morar e a importância que o ambiente tem na regulação das emoções e na manutenção das capacidades físicas e mentais ao longo da vida.

Trabalho de pesquisa
“Espaços do Habitar e os Desafios para Envelhecer no Lugar”, com o Prof. Dr. Alejandro Pérez-Duarte Fernández, da Universidad Jesuíta de Guadalajara (Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Occidente – ITESO), no México, e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, Isabela de Oliveira Bastos, foi a palestra que veio logo em seguida.

Nascido da parceria entre o Vitalità e o PPG em Arquitetura e Urbanismo, a partir da pesquisa intitulada “Envelhecer no Lugar em Grandes Cidades Brasileiras: o Hábitat Urbano da Pessoa Idosa em Campinas-SP”, o trabalho visa investigar como as condições das moradias e dos entornos urbanos em diferentes regiões do município influenciam a experiência de envelhecimento no lugar das pessoas idosas.

A doutoranda lembra que “o Vitalità tem um importante papel neste estudo, pois a partir dele está sendo possível acessar uma população idosa que habita diferentes setores da cidade, no entorno dos campi I e II da PUC-Campinas”.

A doutoranda do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas, Isabela de Oliveira Bastos, apresentou, ao lado do Prof. Dr. Alejandro Pérez-Duarte Fernández, da Universidad Jesuíta de Guadalajara (Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Occidente – ITESO), a palestra “Espaços do Habitar e os Desafios para Envelhecer no Lugar”.

“Um dos objetivos da palestra foi apresentar a pesquisa ao público que frequenta o Vitalità e também aos estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade, de forma a dialogar sobre o envelhecimento, sobretudo no que tange ao lugar em que se vive e as suas várias dimensões”, completa Isabela.

Oficina interativa
O evento foi encerrado com a realização da oficina interativa “Envelhecer no Lugar na Década do Envelhecimento Saudável”. Oferecida por Isabela, com o apoio de seus orientadores, os professores Patrícia e Alejandro, e das bolsistas de iniciação científica, Ana Beatriz Rabelo e Maria Eduarda Campos dos Santos, o objetivo da atividade foi proporcionar a interação e o diálogo entre os participantes, de forma a coletar diferentes perspectivas sobre as dimensões do “envelhecer no lugar”.

Durante a ação, os participantes foram divididos em pequenos grupos, no qual puderam expressar as suas percepções acerca de seis questões específicas, sendo entregue uma à cada grupo, pensando a partir do próprio lugar onde vivem atualmente. Segundo a doutoranda, os resultados da dinâmica foram “bastante interessantes, sobretudo por conta da heterogeneidade do público, tanto em relação a faixa etária (jovens, adultos e idosos), quanto em relação a formação, visto que participaram graduandos e pós-graduandos de diversas áreas como, por exemplo, dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Enfermagem, Terapia Ocupacional e muitos outros mais”.

“Em síntese, o evento foi idealizado como uma oportunidade de estreitar os laços entre a Universidade em suas diversas instâncias – ensino, pesquisa e extensão – e o público externo, de forma a contribuir para a popularização do conhecimento científico e, ao mesmo tempo, trazer para a academia o saber das pessoas sobre o seu próprio cotidiano no processo de envelhecer no lugar”, esclarece a doutoranda.

Espaço de debate e reflexão importantes
De acordo com a responsável pelo Vitalità, Profa. Dra. Mariana Reis Santimaria, o evento foi realizado em parceria com o PPG de Arquitetura e Urbanismo a partir do tema desenvolvido no projeto de doutorado de Isabela, que buscou sensibilizar a comunidade sobre os aspectos relacionados ao envelhecimento e ao lugar onde elas envelhecem, a partir do conceito de “envelhecer no lugar” ou “aging in place” na perspectiva da Década do Envelhecimento Saudável.

Ela lembra que o evento foi também “um espaço de debate e reflexão importantes” e que “a expectativa foi atendida, uma vez que tivemos 75 participantes entre alunos de graduação e pós-graduação de diferentes cursos, professores e pessoas idosas que frequentam o Vitalità”.

A professora Mariana explica ainda que o evento permitiu levar o conhecimento científico que vem sendo produzido na Universidade para toda a comunidade, principalmente as pessoas idosas e os alunos e alunas de graduação.

“Como o tema foi apresentado por diversos especialistas, inclusive uma representante da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, isto permitiu que os participantes pudessem ter uma visão bastante abrangente do que é ‘envelhecer no lugar’ e como isso os impacta de forma pessoal, individual e coletiva. As apresentações também permitiram aos estudantes entenderem as possibilidades que têm de usar este conceito em sua vida profissional e lidar com as oportunidades e os desafios relacionados ao envelhecimento populacional”, esclarece a responsável pelo Vitalità.

O Vitalità – Centro de Envelhecimento e Longevidade da PUC-Campinas articula parcerias para projetos de inovação, criação de tecnologias e ações de promoção do envelhecimento ativo que atendam às necessidades do público sênior e estimulem a cultura do convívio e solidariedade intergeracional.

Ela continua dizendo que “neste evento, a Universidade reforça o seu compromisso de se envolver com temas que são relevantes na sociedade e, no caso do envelhecimento populacional, isso ganha grande destaque, uma vez que essa é uma realidade importante da cidade de Campinas, que tem um índice de envelhecimento superior ao do Estado de São Paulo. Ter a oportunidade de discutirmos sobre o ‘envelhecer no lugar’ nos ajuda a pensar sobre ações que podem ser desenvolvidas em consonância com a Década do Envelhecimento Saudável e contribuir com uma sociedade melhor para as pessoas de todas as idades”.

O que é o conceito “envelhecer no lugar”?
O conceito de “envelhecer no lugar”, como visto anteriormente, vem do termo em inglês “aging in place”, que surgiu nos Estados Unidos nos anos 1960 para se referir às pessoas que preferiam envelhecer em áreas rurais e não nas cidades. Posteriormente, o termo foi incorporado ao meio urbano, principalmente para se referir aos idosos que envelheciam em suas próprias casas e não em instituições de longa permanência.

Ao longo do tempo, a expressão passou a ser utilizada em outros países, tanto em pesquisas acadêmicas, quanto no âmbito das discussões de políticas públicas voltadas as pessoas idosas. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a adotar este conceito, atrelado ao envelhecimento saudável e ao desenvolvimento de cidades e comunidades amigáveis a esse grupo de pessoas. No Brasil, o conceito tem sido discutido de maneira mais intensa nos últimos dez anos.

De acordo com Isabela, há diferentes entendimentos sobre como conceituar o vocábulo. Ela diz que “de forma geral, podemos sintetizá-lo como a possibilidade de a pessoa envelhecer na sua própria casa e bairro, com conforto, segurança, autonomia e independência pelo maior tempo possível, independentemente da idade, da renda ou das habilidades individuais. Do ponto de vista gerontológico, entendendo o envelhecimento como um processo, parte-se do princípio de que o ambiente, tanto a casa quanto o bairro, devem atuar como suporte para a realização das atividades diárias, a mobilidade, a socialização e a construção de identidade do indivíduo”.

Ela finaliza explicando que “envelhecer no lugar envolve várias dimensões, não só a física e de acessibilidade, mas também aspectos referentes a autonomia, socialização e pertencimento”.

Década do Envelhecimento Saudável
A Década do Envelhecimento Saudável é uma estratégia que foi declarada em 2020 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de somar forças de todos os setores da sociedade para promover ações que visem contribuir com melhorias na vida das pessoas, principalmente as idosas, as suas famílias e as suas comunidades.

Estas ações devem ser baseadas em quatro eixos: mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao envelhecimento; garantir que as comunidades promovam as capacidades das pessoas idosas; entregar serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde centrados na pessoa e adequados à pessoa idosa; e propiciar o acesso a cuidados de longo prazo às pessoas idosas que necessitem deles.



Daniel Bertagnoli
1 de abril de 2025