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I Simpósio Cultura Caipira - Identidade, História e Patrimônio


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Apresentação


O Governo Federal, em 4 de agosto de 2000, sancionou o decreto-lei nº 3.551, que instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem o patrimônio brasileiro.


De forma geral, pode-se entender como Patrimônio Imaterial, “o conjunto de saberes e conhecimentos sobre o modo de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; os rituais e as festas religiosas que marcam a vivência coletiva; as formas e as práticas culturais de convívio social; as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; entre outras expressões vivas das comunidades através dos tempos”.


As propostas de solicitação de registro são acompanhadas por documentação técnica e encaminhadas para o IPHAN, que as submete ao conselho consultivo do Patrimônio Cultural. Uma vez constatada a relevância intangível dos bens, então seu registro como “Patrimônio Cultural do Brasil” é confirmado em um dos seguintes livros: Registro dos Saberes, Registro das Celebrações, Registro das Formas de Expressão e Registro dos Lugares. Entretanto, para se chegar nesta etapa, a candidatura do patrimônio já deve ter passado por análises técnicas em instâncias municipais ou estaduais, que também providenciam seu registro local junto aos órgãos que tratam do patrimônio cultural.


Foi por este viés que Campinas, através do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC), providenciou em 23 de setembro de 2008 o registro da Cultura Caipira como “Patrimônio Cultural de Campinas” nos livros de Registros dos Saberes e Tradições, das Celebrações, das Formas de Expressão, dos Lugares e da Personalidades, ato publicado no Diário Oficial do Município de Campinas, em 13 de novembro de 2008, pp 4 e 5. Na ocasião, o ato ganhou repercussões junto à mídia local e nacional, como o artigo de Maria Teresa Costa, do Correio Popular , que ressaltou o ineditismo do registro, visto que, até aquela ocasião, o CONDEPACC só havia registrado patrimônios materiais: “prédios, matas, estradas, ruas, mas nunca tinha pesquisado ou indicado estudos sobre lendas, festas, histórias, rituais que formam o chamado patrimônio imaterial e que representam a cultura de um povo”.


Na região de Campinas, não faltam exemplos dessa cultura caipira. A festa dos padroeiros do distrito de Joaquim Egídio (São Roque e São Joaquim), a Festa de Santana, em Sousas, a Festa do Boi Falô, em Barão Geraldo, a tradição da lavagem das escadarias da Catedral Nossa Senhora da Conceição, os cultos aos santos populares (escravo Toninho, Jandira e outros no Cemitério da Saudade), os fabricantes de mamulengos, os artesãos, as histórias e causos, o folclore local, a literatura, música e outras expressões artísticas.


A palavra Caipira possui sua origem no tupi Ka’apir ou Kaa-pira, significando “cortador de matos”, designação que os índios guaianás do interior de São Paulo davam aos colonizadores caboclos, brancos e negros; ou nas palavras de Silveira Bueno, quando define “Caipira – De cai-pyra – O envergonhado, o tímido. Esta é a explicação de T. Sampaio, mas ao menos atualmente, caipira é o matuto, o roceiro que ainda não se deixou tomar pelas maneiras da cidade”.


A inspiração para o pedido de salvaguarda da cultura caipira e do caipira, em Campinas, surgiu a partir de uma carta enviada pelo Prof. Dr. Glauco Barsalini, autor do livro Mazzaropi: o Jeca do Brasil, ao Ministério da Cultura sugerindo que o caipira e a cultura caipira fossem registrados como patrimônio imaterial nacional. Até hoje não houve resposta do ministério, mas o sociólogo segue seus estudos confirmando que o caipira, como tipo nacional é o “habitante dos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Paraná e Minhas Gerais, [e que] se configurou como homem livre nos séculos 18, 19 e 20, síntese genética dos diferentes ocupantes da América e que, por muito tempo, vem sendo definido pelo que não é, e não propriamente pelo que é” .

 

Ao propor o desenvolvimento de uma política governamental de reconhecimento dos tipos sociais brasileiros, enquanto patrimônios imateriais, o Professor Glauco Barsalini lembra que talvez os caipiras não existam enquanto núcleos comunitários, mas eles compõem o universo de representações coletivas do passado e merecem o reconhecimento social do Estado, assim como vem ocorrendo com os quilombolas e outras comunidades. Para este Professor, no âmbito do universo da cultura de massa, a cultura caipira tem tido forte expressão: na música caipira, desde o início da indústria fonográfica no Brasil; ou na criação de almanaques populares; nas artes plásticas ou mesmo na indústria televisiva com o surgimento de personagens cômicos ou de programas caipiras; ou, ainda, no cinema, no qual a sua melhor expressão, conforme registrou no seu livro, é o Jeca de Mazzaropi .


No tocante à História Cultural, Regional e Ciências Sociais, o caipira vem sendo estudado a partir das pesquisas dos Profs. Antonio Candido, Maria Isaura Pereira de Queiroz e Carlos Rodrigues Brandão. Esse debate, orientado pelas Ciências Humanas e Sociais é conduzido pelos conceitos de identidade, alteridade e representação.


É importante ressaltar, também, que indo ao encontro dos debates teóricos e das novas possibilidades de formação do historiador, o curso de Licenciatura e Bacharelado em História da PUC-Campinas providenciou, neste ano de 2012, a alteração do currículo da graduação, dando ênfase às disciplinas de História e Patrimônio, História e Arqueologia, História, Memória e Arquivo e Fundamentos de Museologia. Além disso, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas, através da direção e coordenação da Faculdade de História, elaborou o projeto do curso “História e Patrimônio Cultural”, em nível de Pós-graduação - Lato Sensu, que iniciará sua primeira turma em agosto deste ano.


O Curso de Sociologia da PUC-Campinas, com vistas a essas novas tendências de ensino, pesquisa e extensão, também, organiza ações educativas nas disciplinas de Prática de Formação - com visitas técnicas às Cidades Históricas de Minas Gerais, Petrópolis e Rio de Janeiro -, Introdução à Antropologia pela qual se discute o conceito de alteridade, Geografia Política que apresenta a discussão sobre a diversidade e desigualdade no território brasileiro, Sociologia no Brasil que faz o debate sobre a  identidade nacional, Antropologia no Brasil que estuda etnologias indígena e de afrodescendentes no Brasil e estudo de comunidade.


Por fim, e por este sentido, é que a Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no âmbito das ações de ensino, pesquisa e extensão conduzidas pelo Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, através das Faculdades de História e Ciências Sociais; apresenta este projeto para a realização do “I Simpósio Cultura Caipira: identidade, história e patrimônio”, com o objetivo de envolver o universo acadêmico nos debates acerca das políticas públicas implementadas para a patrimonialização intangível dos tipos regionais, com vistas à formação das identidades do povo brasileiro.

Observações:

 

Debatedores da palestra do dia 20 de agosto, 19h50, no Auditório Dom Gilberto

Esp. Orlando Rodrigues Ferreira (CONDEPACC)

Mário Augusto Medeiros da Silva (CONDEPHAT)

 

Debatedor na palestra do dia 21 de agosto, 19h30min, no Auditório Dom Gilberto

Prof. Dr. José Roberto Zan (UNICAMP)

I Simpósio Cultura Caipira - Identidade, História e Patrimônio

  • Período
  • das 19h00 às 22h30 / das 15h00 às 18h00
  • Local
  • Auditório Dom Gilberto / Sala 704 / Sala 900
  • Público alvo
  • Alunos, professores, funcionários e público externo