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Campanha “Direito Não é Brinquedo” encerra ciclo com entrega que materializa a cidadania na prática

Etapa final da iniciativa do PDHI:LA mobilizou estudantes, docentes e funcionários da PUC-Campinas, que levaram os brinquedos arrecadados à comunidade do Campo Belo 

A campanha “Direito Não é Brinquedo – Vamos Brincar de ECA” chegou à sua etapa final e mais simbólica. Em uma ação que transformou o discurso em gesto, uma equipe de estudantes extensionistas, docentes e funcionários da PUC-Campinas realizou a entrega dos brinquedos arrecadados para crianças da comunidade do Campo Belo, culminando um processo de meses de reflexão e mobilização em torno dos 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A resposta da comunidade acadêmica foi o alicerce da ação: ao todo, mais de 360 brinquedos foram doados, sendo que 220 já foram entregues às instituições sociais. A entrega, cuidadosamente preparada pela equipe do Programa de Desenvolvimento Humano e Integral: Levanta-te e Anda (PDHI:LA), foi concebida para ser o elo final de uma corrente que começou com a conscientização. Cada brinquedo entregue representou a materialização da filosofia que norteou todo o projeto: a de que o direito ao brincar é uma necessidade fundamental para o desenvolvimento pleno e um pilar para a construção da cidadania desde a infância.

Da reflexão ao encontro: o propósito da campanha

Iniciada pelo PDHI:LA em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação, a campanha foi, desde o princípio, um convite pedagógico. O objetivo nunca foi apenas a arrecadação, mas sim aprofundar o debate sobre o significado do ECA, contrastando a importância da lei com a urgência de sua aplicação na vida real.

Como defendeu o Prof. Dr. Everton Silveira, responsável pelo PDHI:LA, ao longo da campanha, a lei por si só é um instrumento, mas não a garantia. “A garantia em si acontece no dia a dia. Ela acontece na vivência plena”. Foi exatamente essa busca pela “vivência plena” que moveu a equipe da PUC-Campinas até o território. A ação de levar os brinquedos à comunidade simbolizou a transposição do direito do papel para o sorriso, da teoria para o encontro humano.

O protagonismo da voz: a revolução de ouvir a criança

E essa filosofia de escuta se materializou desde a concepção do projeto. A Campanha se aprofundou em uma das maiores transformações trazidas pelo ECA: o reconhecimento da criança como um ser dotado de voz. Em uma iniciativa inovadora, crianças e adolescentes se reuniram previamente para pensar o evento, colocando-se como coautores da ação. O objetivo foi buscar inspiração no vasto universo infantil para a elaboração de elementos de identidade visual e mensagens para o público. A proposta situou os pequenos como verdadeiros protagonistas na construção da campanha que é voltada para eles.

Uma aula para além dos muros da Universidade

Para os estudantes extensionistas envolvidos, a participação na entrega foi uma experiência formativa de profundo impacto. A atividade proporcionou um contato direto com a realidade social que fundamenta o trabalho da Extensão, oferecendo uma compreensão que transcende a sala de aula. A Profa. Dra. Ana Paula Fraga Bollfi, do Curso de Pedagogia, celebrou o momento. “É uma alegria o momento da entrega, como fomos recepcionados. É um trabalho que tem todo um aporte teórico e metodológico que desenvolvemos junto ao Curso de Pedagogia, com as alunas do último ano. É um momento de muito aprendizado para todos”.

A estudante extensionista Manuela Cipriano, do Curso de Pedagogia, relatou sua experiência com entusiasmo. “A Pedagogia Social foi o principal motivo de eu ter começado a Faculdade. Poder ver a alegria, a importância que eles dão para um simples brinquedo que, para nós, às vezes é muito simples, mas, para eles, existe um grande significado. Tive a convicção de que este é um espaço de transformação social”. Para Raquel Luiza dos Santos, também do Curso de Pedagogia, a experiência valeu a pena. “Senti muita alegria e realização tanto como aluna de Pedagogia, em meu processo de formação, quanto como pessoa, porque eu acredito em uma pedagogia emancipatória”.

O legado de uma ação universitária

Com a entrega dos brinquedos, a campanha “Direito Não é Brinquedo” não encerra suas atividades, mas entra em uma nova fase, deixando um legado de conscientização e fortalecendo os laços com a comunidade. A iniciativa provou, na prática, que a defesa dos direitos da criança é uma responsabilidade coletiva.

Essa continuidade já tem destino certo. Parte dos brinquedos arrecadados foi destinada ao Projeto Resgate Aliança, onde ajudarão na construção de uma brinquedoteca para as crianças atendidas. Os mais de 150 brinquedos restantes já têm um novo propósito: serão utilizados na “Mostrinha: Grande Parque da PUC-Campinas”, evento que ocorrerá no dia 10 de dezembro, dando sequência à reflexão sobre o direito de brincar.

O sucesso da campanha, desde a concepção com as crianças até a entrega final, só foi possível graças a uma mobilização coletiva que envolveu toda a comunidade acadêmica. Foi uma verdadeira ação universitária, no sentido estrito da palavra, contando com a contribuição de todos que doaram, coletaram, guardaram e entregaram os brinquedos. Ao final da ação, ficou a certeza de que, embora um brinquedo seja um objeto, o direito de brincar não é brinquedo. É a matéria-prima com a qual se constrói a infância, a cidadania e um futuro mais justo.



Aurimar Miranda
21 de outubro de 2025