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Ações da Universidade e da sociedade civil são essenciais durante a crise

Professor de Administração analisa a importância das iniciativas de instituições de ensino e organizações sociais na pandemia

As atividades desenvolvidas por instituições de ensino e organizações da sociedade civil em diversas áreas para auxiliar no combate ao coronavírus e nas suas consequências na saúde pública, na economia e no bem-estar social são essenciais para a população, em especial a carente. O Prof. Me. Dimas Alcides Gonçalves, da Faculdade de Administração da PUC-Campinas, especializado em Gestão Pública e Economia Solidária, avalia que o Brasil está enfrentando uma crise sem precedentes.
“A última vez que houve algo parecido foi no início do século passado, com a gripe espanhola, que matou milhões de pessoas. Essa pandemia está mostrando o tamanho das populações que são carentes não só no nível social, mas também no de saúde, principalmente”, diz.
O professor acrescenta ainda que a população em situação de miséria deve aumentar. “Quando falávamos em Bolsa Família, calculávamos em 14 milhões as pessoas na pobreza extrema. Agora vimos que há gente na fila, podendo chegar a 20 milhões, que dá de 9 a 10% da população abaixo do nível da pobreza. As instituições sérias e comprometidas com a sociedade estão fazendo 'das tripas coração’ para ajudar”, diz.
Como a burocracia impede que os órgãos públicos consigam dar respostas ágeis e fazer com que os recursos cheguem a todos os necessitados, as organizações sociais e instituições têm tido um papel crucial para amenizar o sofrimento dessas famílias. A PUC-Campinas e o Colégio Pio XII estão fazendo uma campanha de arrecadação de alimentos e produtos de limpeza e higiene, sem data de término, que estão sendo distribuídos a famílias carentes pelas paróquias da Arquidiocese de Campinas.
"Campinas já tem uma tradição solidária. Na região central, há de cerca de 16 instituições, ligadas, em sua maioria, a várias religiões, que fornecem alimentação todas as noites aos moradores de rua”, diz.
Mas, além dessa atividade assistencial emergencial, as outras iniciativas voltadas à saúde física e mental da comunidade também são de extrema importância e igualmente urgentes. O professor analisa o movimento mundial desde os anos 90 que prega a redução dos gastos públicos, principalmente nas áreas sociais, e mostrou seu preço na crise atual.
“O Consenso de Washington ditou regras para que países emergentes reduzissem suas contas públicas, com foco nas políticas sociais e serviços públicos, que acabaram sendo privatizados. O setor de saúde pública foi um desses setores que sofreram cortes. Deu no que deu”, afirma.
Por isso, é necessário agora prestar todo o tipo de auxílio possível ao setor. “No momento em que se necessita de um sistema nacional e até internacional de saúde, os países entraram em colapso. No caso do Brasil, o mercado também não deu conta, e a saída foi recorrer ao SUS, que foi sucateado. Não vamos conseguir agora recuperar o SUS em três meses”, diz.
Os diversos cursos e setores da PUC-Campinas, envolvendo alunos, professores e funcionários, estão realizando projetos para auxiliar o setor de saúde. Além do Hospital da PUC, que atua diretamente na linha de frente no combate à doença, estão sendo desenvolvidos projetos de produção de máscaras faciais, elaboração de cartilhas de auxílio médico e psicológico, projeto de hospital de campanha, orientação on-line de profissionais de saúde, produção de vídeos com dicas para o período de quarentena, entre outras iniciativas.



Avelino Souza
23 de abril de 2020