Acessibilidade  
Central de Atendimento ao Aluno Contatos oficiais Área do aluno

De aprendizes a mestras: mulheres do projeto ‘Alma Lavada’ multiplicam saberes e afeto no Jardim Itatinga

Em ação marcante da Extensão da PUC-Campinas, participantes do Campo Belo assumem o protagonismo e ensinam outras mulheres a produzir sachês aromáticos, refletindo a essência da “Universidade em Saída”

Em um marco de protagonismo e empoderamento, as mulheres que participam do projeto de Extensão “Alma Lavada”, projeto de Extensão da PUC-Campinas ancorado no PDHI:LA (Programa de Desenvolvimento Humano e Integral: Levanta-te e Anda), deixaram a posição de alunas para se tornarem mestras. Na última terça-feira (09), elas saíram do Campo Belo rumo ao Jardim Itatinga para ministrar uma oficina de sachês aromáticos para outras mulheres na sede do CEPROMM (Centro de Promoção para um Mundo Melhor). A ação, que representa o auge de um ciclo de aprendizado, materializa a essência da “Universidade em Saída”: a multiplicação de saberes que nascem na comunidade e retornam a ela, gerando autonomia e laços de afeto. As mulheres, que antes aprendiam a confeccionar saneantes sustentáveis e sachês aromáticos em um ambiente de acolhimento psicossocial, agora se tornaram multiplicadoras, levando essa semente adiante.

Para os docentes extensionistas da PUC-Campinas, que acompanhavam a ação e conduziram todo o projeto, o momento foi de realização. “Hoje a gente está só organizando um pouco, mas quem está sendo protagonista nesta ação são as mulheres. Foi isso que a gente objetivou desde o início. Dá muito orgulho fazer parte desse aprendizado delas e vê-las transmitir isso para outras mulheres”, disse o Prof. Me. Marcelo José Della Mura Jannini, da Faculdade de Química.

A Profa. Dra. Tatiana Slonczewski, da Faculdade de Psicologia, viu na cena a síntese do que a Extensão pode representar. “É a coroação do esforço do projeto. Ver um grupo crescer, se consolidar e agora conseguir levar a outras comunidades o que aprendeu, não como uma tarefa mecânica, mas como uma tarefa muito amorosa, é de uma beleza imensa. A gente vê os saberes que se constroem da Academia para a comunidade, da comunidade para a Academia, e entre as pessoas. Para mim, é tudo que a Extensão pode representar”.

Para Patrícia Ribeiro Silva, diarista que participou da oficina, a experiência foi reveladora. “Eu gostei muito. Estou até pensando em mudar de profissão, porque relaxa, tranquiliza, trabalha a mente. O conhecimento que uma tem, às vezes a outra não tem. É maravilhoso! E ainda pode fazer uma rendinha extra”, disse. A troca de experiências e as memórias afetivas também marcaram Michelle Martins de Oliveira, que se sentiu transportada para a infância. “É um trabalho que eu gostei, porque me remeteu à minha avó, que fazia comigo. Consegui desenrolar por conta disso, me trouxe aquelas memórias afetivas, foi muito bacana”, disse.

Observando tudo, com o orgulho de quem acompanhou cada passo dessa jornada, a estudante extensionista Ana Carolina Almeida contou com emoção: “Vê-las agora como multiplicadoras do nosso projeto, é uma coisa muito linda e especial, porque é gratificante elas colocarem o nosso projeto realmente para funcionar”.

A gratidão era o sentimento dominante também entre as novas professoras. Para Silene Cardoso do Santo Souza, integrante do Alma Lavada, a experiência de ensinar foi a consagração de um processo que ela define como familiar. “Replicar esse conhecimento em outro local é gratificante. A gente já fala que somos uma grande família. Lá desabafamos e acolhemos umas às outras. E agora poder ensinar o fuxico, o sachê, os produtos, é mais gratificante ainda. A gente vê no olhar das pessoas como elas gostam do trabalho que a gente está fazendo. Isso é prazeroso”.

Ao final do dia, o ônibus fez o caminho de volta. As embalagens agora carregavam sachês perfumados, mas a bagagem mais valiosa era invisível: a certeza de que o conhecimento, quando compartilhado com cuidado e propósito, não tem fronteiras e é capaz de lavar a alma de quem ensina e de quem aprende.



Gabriela Ferraz
16 de setembro de 2025