15ª Semana Nacional de Museus
O ciclo de eventos organizados pelo Museu Universitário da PUC-Campinas por ocasião da 15ª Semana dos Museus (IBRAM) tem como proposição investigar os conhecimentos e tecnologias das culturas indígenas, abrangendo a cosmogonia desses povos como intensidades que coexistem enquanto possíveis alternativas ao desenvolvimento do país e às problemáticas socioambientais do contemporâneo. A aproximação intercultural encontra sempre o risco de recorrer à representação do outro como um passado arcaico predominado pela contemplação estética de sua cultura material, que desvinculado do saber prático da experiência cotidiana desses povos, se finda em um exotismo paradigmático. Assim, a voz do outro é entendida como incapaz pronunciar-se por conta própria, o que reduz as possibilidades em se estabelecer um fluxo de convergências na troca de conhecimentos. Sendo assim, as culturas indígenas têm participado de circuitos museológicos a partir de mediadores que assumem um papel de tradução para outro universo cognitivo. Desse modo, o ciclo de eventos coloca-se no desafio de inverter a lógica do ‘falar sobre’ para, como bem coloca o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro², tratar o conhecimento indígena e sua contribuição singular em seus próprios termos e pensar junto, apresentando aos visitantes uma abordagem histórica e atual que direciona-se a escutar, aprender e trocar.
“Nós precisamos fazer um movimento de realentamento, slow down, com o nosso modo de conhecer, no contato com o regime de outros conhecimentos. Reconhecemos que temos conhecimento, mas não devemos considerar que nós próprios estamos autorizados a acreditar que possuímos o significado daquilo que conhecemos (…) Nós temos conhecimento, mas não temos autoridade suficiente para compreender o significado daquilo que conhecemos” (STENGERS, Isabelle.¹)
¹ Introdução a conversa com Davi Kopenawa sobre o Livro “A Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami” – 2015
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