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A voz é uma das habilidades comunicativas mais importantes da natureza humana. Ao lado da postura corporal, dos gestos e das expressões faciais, a voz reflete quem você é. Ela é parte da sua personalidade

O professor da Faculdade de Educação, Ricieri Dezem, acostumou-se a dar aulas em quadras abertas sem o uso de microfone. Conhecido por sua voz rouca, ele desenvolveu alguns mecanismos de defesa que protegeram suas cordas vocais ao longo de 40 anos de profissão. Um segredo? Não gritar.

Na metade dos anos 90, no entanto, o excesso falou mais alto e um calo vocal levou-o a uma cirurgia. “Tirei o calo, resolvi o problema e continuei falando sem parar”, disse o professor. Às vezes, no entanto, ele abusa e o resultado é uma rouquidão acentuada. “O difícil é que não consigo ficar sem falar”, admitiu. Quando participa de alguma arbitragem, Ricieri se entusiasma tanto que, às vezes, ocupa o local do locutor.

Já para o professor de teatro do Centro de Cultura e Arte, Paulo Afonso Coelho, a fala é o resultado da nossa elaboração interna, ou seja, se estamos mal, tristes ou irados, a voz revelará esse estado emocional. “Corpo e voz são resultados de um processo interno. Na comunicação, primeiro usamos o corpo; depois, a voz”, explicou. Como diretor de teatro, o professor sabe reconhecer alunos e atores que, com intencionalidade, conseguem convencer o público de suas intenções. “A voz permite isso quando bem treinada”, explicou.

O grito deve ser evitado, assim como os contrastes, como fumar e ingerir bebida gelada. O professor recomenda ainda que se poupe a voz na véspera de uma apresentação importante. “Todos nós dependemos da voz para nos comunicarmos e nos posicionarmos pessoal e profissionalmente”, contou. Ele recomenda exercícios respiratórios e a receita caseira: comer uma maçã antes de dormir.

Por dentro do rádio
Quem já não alimentou uma fantasia com a voz de um locutor ou jornalista de rádio que atire a primeira pedra. A jornalista Rosana Lee, que há vinte e oito anos trabalha na Rádio CBN de Campinas, já se acostumou com alguns comentários de ouvintes que a conhecem pessoalmente. Depois de muitos anos na profissão, ela aprendeu que a voz tem seus mistérios e por isso é difícil associá-la à imagem da pessoa. “Você é muito diferente daquilo que eu pensava…” é uma frase comum na boca dos ouvintes da jornalista. Sua resposta costuma ser bem-humorada. “Você queria o quê? Loira, alta olhos azuis, ou seja, o kit completo?”, contou a jornalista que tem a voz como sua marca registrada.

Para ela, a voz é um complemento de seu trabalho, que vai além do microfone. Em outras palavras: uma bela voz não é necessariamente um cartão de visita e nem pode garantir uma oportunidade de trabalho se ela não trouxer explicitamente um conteúdo. “É claro que a voz pode ajudar, mas não muito. Não adianta ter um vozeirão e não dominar a língua portuguesa. Quem tem uma voz bonita tem de provar todos os dias que não é só isso”, completou.

Sociedade do grito
“Vivemos em uma sociedade que prioriza o grito e isso é ruim, principalmente às cordas vocais. Além disso, quem grita deixa de usar a melodia da voz, que é mais contundente”. O alerta é da diretora da Faculdade de Fonoaudiologia, Emilse Merlin Servilha, que há muito tempo, pesquisa um dos profissionais mais lesados na voz: o professor. Com a ajuda das estudantes de Iniciação Científica Sarah S. C. Bueno e Flávia Rebelo Puccini, elas acabam de concluir a pesquisa feita com professores da rede pública intitulada “O estilo de vida e os agravos à saúde e voz em professores” e “Desvantagens vocal em professores”.

Mais uma vez os resultados bateram: elevar a altura e a intensidade da voz pode causar sérias lesões à região da laringe, como o calo vocal, um problema recorrente principalmente entre os professores. Na ausência de recursos, como microfones e caixas de som nas salas de aula, o professor eleva a voz e, quando percebe, está gritando.

Segundo a professora, a sociedade do grito também agride o ouvinte, que pode formar uma opinião errônea do seu interlocutor pelo tom de voz da conversa. “Voz é identidade, é o cartão de visita para os relacionamentos”, disse. Quem grita perde a chance de ser ouvido e, o pior, de ter uma boa imagem junto aos seus pares.

Clínica de Fonoaudiologia

Criada em 1970, a Clínica de Fonoaudiologia da PUC-Campinas oferece serviços para a comunidade como, por exemplo, avaliação audiológica, emissões otoacústicas (teste da orelhinha), avaliação do sistema vestibular e do processamento auditivo, seleção e adaptação de prótese auditiva, avaliação e habilitação fonoaudiológica. Entre os casos mais comuns de atendimento na clínica estão: quadros neurológicos (afásicos), distúrbios de aprendizagem, deficiências auditivas e problemas de voz. Há também o trabalho de voz profissional, com avaliação e terapia, todos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A clínica também oferece um serviço de reabilitação às pessoas que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Trata-se de um projeto de pesquisa e extensão que proporciona avaliação e atendimento individual ou em grupo, dependendo do tipo de lesão. Há ainda um convênio com o Ministério da Saúde para ajudar pessoas com dificuldade auditiva. Neste acordo, os profissionais e estagiários da clínica avaliam o paciente e, se necessário, fornecem o aparelho auditivo caso seja usuário do SUS. Para isso, os usuários devem ser encaminhados pelos postos de saúde da Prefeitura Municipal de Campinas.

Os serviços da Clínica de Fonoaudiologia da PUC-Campinas são voltados às pessoas de todas as idades, de Campinas e região. Todos os atendimentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes atendidos, pela Clínica são encaminhados pelos Hospitais, médicos ou Centros de Saúde Campinas. Os agendamentos devem ser feitos, pessoalmente. Os atendimentos são feitos de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, no Campus II da PUC-Campinas (Avenida John Boyd Dunlop, s/n, Jardim Ipaussurama)

Atendimento à Imprensa:
Adriana Furtado
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Telefone: (19)3343-7674



Portal Puc-Campinas
1 de junho de 2010