O professor Jefferson Eduardo Hespanhol acaba de retornar da Universidade de Antália, Turquia, onde esteve com uma equipe de pesquisadores de Educação Física e saúde nos esportes de Campinas, para apresentar um conjunto de estudos sobre rendimento físico de jogadores de futebol. As apresentações dos trabalhos do grupo ocorreram no VI Congresso Mundial em Ciência e Futebol, realizado de 16 a 20 de janeiro.
Considerado o mais importante evento internacional sobre pesquisas relacionadas ao futebol, o congresso é realizado sempre no ano posterior à Copa do Mundo, com a apoio da Fifa, em países diferentes, e reúne especialistas de todo o mundo para discutir as novidades do esporte. O próximo ocorrerá em 2011 na Universidade de Nagoya, Japão, logo após a Copa do Mundo na África do Sul. Foram apresentados também estudos sobre rugby, futebol americano, futebol galês (esporte com uso das mãos e dos pés e regras próprias no país), futebol australiano (idem) e futsal.
De acordo com o professor, relativo à preparação física os trabalhos selecionados para o congresso estiveram polarizados entre duas tendências: a de desempenho aeróbio, ainda predominante entre os estudiosos do país anfitrião (Turquia), e a de desempenho anaeróbio e força, predominante nos outros países da Comunidade Européia e no Brasil.
“A primeira tendência prioriza o controle sobre o uso da energia do oxigênio, com atenção para o esforço prolongado e para a capacidade de recuperação do atleta, enquanto que a segunda prioriza esforço dos músculos e outras fontes imediatas de energia física”, explica.
Hespanhol diz que a preparação física da equipe campeã da Copa do Mundo, a Seleção da Itália, esteve associada à corrente do segundo grupo. “Evidente que o Congresso, por ser uma vitrine do que há de mais avançado no futebol mundial, discutiu muito os aspectos táticos da última copa. No entanto, muito se comentou entre os participantes de que o bom preparo físico dos italianos foi fundamental para que vencessem o torneio”.
Sobre a participação da Seleção Brasileira, ele acha que a falta de identidade tática do time foi conseqüência das falhas na preparação física. “O tempo de treinamento foi muito curto, o que resultou na organização deficiente dos componentes técnico, físico e tático”, acrescenta.
Os pesquisadores de Campinas apresentaram oito estudos. Hespanhol participou de sete deles, sobre os seguintes temas: treino e força máxima; diferenças da força máxima em cada posição do futebol; desempenho físico dos atletas da categoria sub-15; mudanças da preparação física de profissionais; e mudança da potência aeróbica.
Além de Hespanhol, o grupo é composto por Miguel de Arruda (pesquisador da Unicamp), Cristiano Nunes (diretor técnico da Ponte Preta), Leonardo Gonçalves Silva Neto (coordenador científico da Ponte Preta). Pela PUC-Campinas, também participaram de alguns dos estudos apresentados o professor de Educação Física Alexandre de Almeida e os ex-alunos Joel Moreira Prates, Thiago Santi e Norberto Andrade do Nascimento Filho.
Os resumos de todos os trabalhos estão publicados pela revista científica Journal of Sports Science & Medicine (www.jssm.org), indexada por bases de dados internacionais. Em breve, a comissão organizadora do evento escolherá os melhores para serem publicados em livro.
Hespanhol conta que o grupo já está se preparando para inscrever novos projetos para o evento de 2011. “É muito importante a visibilidade dada ao futebol de Campinas e às pesquisas realizadas na Educação Física da PUC-Campinas e da Unicamp, por isso vamos nos empenhar muito para marcar presença ainda mais efetiva no congresso do Japão”, ele promete.