Detalhes do Evento

XXVII Semana de Filosofia "Fé e Razão: a construção de um diálogo"

ABERTURA DA SEMANA DE FILOSOFIA

         Há 15 anos tomávamos conhecimento de um documento de especial relevância para o universo da filosofia. Nosso Papa João Paulo II, filósofo em sua formação, mostrou sua estima por esse tipo de busca pela verdade empreendida há mais de dois milênios pela filosofia. Nesse texto magistral encontramos considerações que nos dão a pensar, pois vimos reconhecida a justeza de nossa tarefa conduzida com criticidade, seriedade e perspicácia que reconhecemos à reflexão filosófica. Por que um papa publica uma  encíclica que se refere também à filosofia? “Fé e razão” não representa somente uma homenagem à filosofia, mas é também porque ele reconhece uma ameaça  que pesa sobre a filosofia enquanto busca da verdade última. E essa ameaça toca igualmente a Igreja pois, para ela, a filosofia, além de sua missão própria, desempenha  um papel essencial no serviço da inteligência da Fé. “Fides quaerens intellectum”. A encíclica tem como objeto manifestar, para os crentes a aliança necessária e fecunda, apesar das tensões, entre a fé e a razão.         

          A história do ocidente cristão nos revela o confronto entre o pensamento racional, a filosofia helênica e a fé cristã, gerando um relacionamento afetado de complexa ambiguidade. As “luzes” que emanam da revelação divina  e do logos grego, cujas fontes e características  são paradoxalmente distintas e semelhantes, não poderão estar condenadas a uma concorrência infértil e comprometedora. A carta encíclica inicia com a expressão emblemática e esclarecedora da conjunção e não fusão entre fé e razão, quando cada uma segundo a verdade de seu percurso aceita abandonar a polêmica estéril. Afirma : A Fé e a Razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.