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Isso representa, para os formuladores de políticas públicas, um desafio em fazer com que crianças possam desfrutar dos níveis mais superiores de educação e não abandonem a escola antes de completar o ensino médio ou mesmo tenham acesso ao ensino superior

*Profa. Dra. Cristiane Feltre

Este artigo faz parte da série de artigos “RMC: Desafios sociais da década” e apresenta alguns resultados sobre qualificação e rendimentos da mão-de-obra do primeiro boletim do Observatório de Políticas Públicas e Migrações da RMC da PUC-Campinas.

A economia brasileira vem observando uma aceleração do desemprego nos últimos anos e consequentemente da queda na renda da população economicamente ativa. Nas regiões metropolitanas brasileiras esta situação ficou mais evidente a partir do início de janeiro de 2015, quando se iniciou uma escala ascendente e persistente da taxa de desemprego, que tende a perdurar enquanto a atividade econômica não retomar o fôlego.

Além da crescente taxa de desemprego que enfrenta o Brasil e suas RMs e da dependência do crescimento da economia que possui a evolução do emprego, ainda há características estruturais identificadas no último censo no ano de 2010 que representam desafios à formulação das políticas públicas pelos nossos futuros prefeitos na próxima gestão.

Na Região Metropolitana de Campinas, a taxa de desocupação caiu entre os anos de 2000 e 2010, mostrando que um maior número de pessoas economicamente ativas estavam ocupadas em atividades formais ou não. Assim como houve um decréscimo na taxa de desocupação, houve também um aumento da formalização das pessoas ocupadas com 18 anos ou mais, situação que é praticamente generalizada no Brasil.

O que chama a atenção na RMC é que houve uma melhora na situação educacional dos ocupados com 18 anos ou mais, mas que não se mostra confortável para um número de municípios como Santo Antônio de Posse, Engenheiro Coelho, Morungaba, Monte Mor e Arthur Nogueira. Todos estes municípios melhoraram as estatísticas sobre o nível de escolarização (fundamental completo e médio completo) dos ocupados com 18 anos ou mais, porém, possuem as estatísticas mais baixas de toda a RMC. Este grupo de municípios possui em média 57% dos ocupados com 18 anos ou mais com fundamental completo, enquanto que os mais bem colocados da RMC – Nova Odessa, Valinhos, Americana, Paulínia e Campinas – possuem aproximadamente 74% e o estado de São Paulo 70,1%.

Os mesmos municípios que possuíam um percentual muito baixo de ocupados com fundamental completo, também possuíam um percentual muito baixo de ocupados com ensino médio completo – 37,6% –, enquanto que nos mais bem colocados esta estatística era de 57% e no estado de São Paulo, 53%.

Isso representa, para os formuladores de políticas públicas, um desafio em fazer com que crianças possam desfrutar dos níveis mais superiores de educação e não abandonem a escola antes de completar o ensino médio ou mesmo tenham acesso ao ensino superior.

Quando falamos de rendimentos do salário, no período de 2000 a 2010, se observou uma queda generalizada no número de ocupados na RMC que recebiam como renda até um salário mínimo. Porém, quando os municípios são analisados para classes de renda mais elevadas, ou seja, para ocupações com maior valor agregado, a tendência de melhoria entre os anos de 2000 e 2010 não é generalizada. Em média há uma queda do percentual de ocupados com mais de 18 anos que recebiam mais de 5 salários mínimos entre 2000 e 2010, situação mais grave em Santo Antônio de Posse, Arthur Nogueira, Pedreira e Morungaba – queda de 26% no número de ocupados com rendas mais elevadas

A redução desta massa também é observada em outros municípios como Monte Mor, Campinas, Engenheiro Coelho, Nova Odessa, Americana, Itatiba, Indaiatuba, Vinhedo e Santa Bárbara d’Oeste, porém em menor intensidade do que nos anteriores.

A consequência da redução do percentual de pessoas com salários de maior valor agregado para esses municípios é que estes acabam sendo mais afetados com o perfil do consumo das famílias especialmente em relação a bens de mais valor agregado ou que necessitam de financiamento de valores de maior monta, como financiamento habitacional para imóveis de maior valor ou compra de veículos de valores médios superiores, entre outras.

Mais detalhes sobre os desafios da RMC podem ser encontrados no boletim do Observatório de Políticas Públicas e Migrações da RMC (PUC-Campinas) alocado no Portal da Universidade: http://www.puc-campinas.edu.br/proext/observatorio-de-politicas-publicas-migracoes-da-rmc/

* Cristiane Feltre é Economista e docente do Centro de Economia e Administração (CEA) da PUC-Campinas.

 

 



Eduardo Vella
9 de setembro de 2016